António Costa partiu no final da tarde de terça-feira do quilómetro zero da Estrada Nacional (EN2) para “ganhar inspiração” para a nova etapa que se segue e redescobrir “um tesouro escondido” para lá das áreas de serviço das autoestradas.

“Estamos brevemente a iniciar uma nova etapa na caminhada que iniciámos há quatro anos. E sempre que se inicia uma nova etapa é bom voltar ao quilómetro zero para ganhar inspiração para o que há a fazer nos quilómetros a seguir”, afirmou António Costa, que dedicou o dia à EN2, que atravessa o país entre Chaves e Faro, recusando-se a falar sobre outros assuntos da atualidade nacional.

O início da viagem aconteceu ao quilómetro zero, em Chaves, e teve uma paragem ao quilómetro 81, em Santa Marta de Penaguião, cujo presidente de câmara é também o líder da Associação de Municípios da Rota da N2.

O também primeiro-ministro elogiou o projeto da Rota da N2, lançado em 2014, e disse que é “preciso relembrar que há mais país para além do país” que se vê “nas áreas de serviço”. A viagem, na companhia da mulher, será feita de Norte para Sul e de Sul para Norte.

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A construção de uma rede de autoestradas foi fundamental para que o país se encurtasse nas suas distâncias, mas, ao mesmo tempo, afastou-nos de um país que nós temos que recuperar”, frisou.

E depois de um “ciclo de desertificação”, António Costa quer iniciar um “ciclo de repovoamento” e para que isso aconteça defendeu que “é fundamental criar emprego a partir das oportunidades que os territórios oferecem”.

Na sua opinião, o que “não faltam são recursos que sejam geradores de emprego”, desde a agricultura, o vinho, as termas, a riqueza mineral, o património cultural e natural ou o turismo. “São todas essas riquezas que nós temos que descobrir e saber valorizar porque é a forma de desenvolver o país de forma mais harmoniosa”, frisou.

Costa destacou ainda o turismo como uma das componentes fundamentais da “base económica” do país e frisou que o turismo tem de ser “de 365 dias por ano e que vá aos 308 concelhos do país”. “Este grande eixo que atravessa o país como se fosse a sua espinha dorsal demonstra bem a nossa diversidade e o enorme potencial de desenvolvimento dos recursos próprios”, salientou.

O primeiro-ministro contou que foi um dos leitores das crónicas que o escritor Afonso Reis Cabral escreveu ao longo dos 24 dias em que percorreu a pé a EN2, de Chaves até Faro, e confessou que os textos despertaram a sua atenção para a via.

“Percorrer a N2 será seguramente uma boa fonte de inspiração, porque não há nada como vir ao território, encontrar as nossas gentes, ver e viver a experiência que o Afonso viveu para perceber que há, de facto, uma oportunidade extraordinária que nós não podemos desaproveitar”, frisou.

No final de setembro será, segundo António Costa, apresentada a marca “Estrada Nacional 2” que defendeu que é preciso promover e divulgar internacionalmente “para valorizar todas estas riquezas”.

Por fim, elogiou os autarcas que se uniram na Associação de Municípios e que o ajudaram a “redescobrir este tesouro escondido que é o da N2”.

Afonso Reis Cabral, que hoje se juntou a António Costa em Santa Marta de Penaguião para uma conversa à volta na EN2, falou sobre a sua caminhada de 24 dias que resultou no livro “Leva-me Contigo”, que irá ser lançado em setembro.

O autor destacou “as pessoas” da N2, as que conheceu, as que o acolheram em casa para pernoitar, e as que lhe deram comida. “É mais do que uma estrada, é um rio no Interior do país”, referiu.

O autarca de Santa Marta de Penaguião, Luís Machado, disse que a N2 é o “maior projeto de coesão nacional” do país, que junta mais de 1.000 parceiros e mostra “um país diferente” e complementar ao turismo de sol e praia. “Ajuda a equilibrar o país, a perceber o país por inteiro, a conhecer o país por inteiro e ajuda a crescer a todos ao mesmo tempo”, afirmou o autarca.