Em apenas seis meses, apareceram mais quatro grandes devedores a dar problemas ao Novo Banco e a contribuir para a necessidade de dinheiro do Fundo de Resolução. O Banco de Portugal publicou o último relatório com a lista das grandes posições financeiras cujo incumprimento está a gerar as perdas que levaram à última ajuda pública dada à instituição. E em seis meses, a dimensão de perdas registadas por culpa dos devedores problemáticos subiu mais de 600 milhões de euros para 4150 milhões de euros.

O Novo Banco anunciou prejuízos de 1.412 milhões de euros no ano passado, o que levou o banco liderado por António Ramalho a pedir mais um cheque de 1149 milhões de euros, ao abrigo do mecanismo de capitalização contingente. A operação foi concretizada em março deste ano e com o apoio de mais um empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução que é acionista do Novo Banco.

A lista reporta-se ao balanço do final do ano passado e há mais quatro devedores que não estavam na última informação sobre os devedores problemáticos do Novo Banco e que tinha como referência junho de 2018. Estas quatro grandes posições financeiras representavam uma exposição de 282 milhões de euros à data da última intervenção financeira e já tinham gerado perdas de pelo menos 46 milhões de euros.

Segundo a nota explicativa do Banco de Portugal o reporte agora divulgado integra “grupos económicos face aos quais a exposição inicial foi originada na esfera do Banco Espírito Santo, mas que não integraram o reporte anterior  (junho de 2018) porque só a 31 de dezembro de 2018 passaram a cumprir os critérios previstos na lei, designadamente no que se refere à ocorrência de mais de três situações de incumprimento”.

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A mais recente lista de grandes devedores reporta exposições financeiras a grupos económicos superiores a 43,3 milhões de euros e tem 36 posições em incumprimento. A lista anterior referente a junho do ano passado tinha 133. Se houve quatro grandes devedores que passaram a cumprir os critérios para integrarem este relatório, todos por operações decididas ainda no tempo BES — os clientes 131, 132, 133 e 134 — houve um que saiu, o devedor 104.

O Novo Banco aumentou também a exposição a posições financeiras problemáticas em instrumentos de capital, que inclui ações e obrigações. Estas passaram de duas para nove. Esta subida é aliás a razão pela qual a exposição total a operações em risco aumentou em seis meses de 4471 milhões de euros para 5224 milhões de euros. É uma subida de 753 milhões de euro na exposição a títulos de capital ou dívida que, para já, e para efeitos deste relatório, não se traduziu em perdas públicadas.

O banco herdeiro do BES é o principal alvo do regime aprovado pelo Parlamento que obrigou à divulgação dos valores agregados de dívidas dos grandes devedores. A lei impõe que o Banco de Portugal emita um relatório com estes valores de cada vez que há uma ajuda pública a uma instituição bancária, tendo como base a informação dada pela instituição ajudada. A última intervenção do género foi em março, mas é provável que o Novo Banco venha a precisar de mais uma injeção pública, como já foi sinalizado quando foram conhecidos os resultados do primeiro semestre.

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Para além do relatório com dados anónimos e agregados que é tornado público, o Banco de Portugal remete ainda para o Parlamento informação individualizada e identificada sobre estes grandes devedores, e que está protegida pelo sigilo bancário.