Kristine Barnett e o agora ex-marido Michael Barnett mudaram-se para o Canadá, em 2013, e deixaram para trás a filha de nove anos, Natalia Grace, adotada em 2010. Deixaram-na num apartamento em Lafayette, uma cidade no estado norte-americano do Indiana, e cortaram todo o contacto com ela. No passado dia 11 de setembro, o casal foi acusado de negligência. Mas, em entrevista ao Daily Mail, a mãe garante que Natalia tem 22 anos, que passam despercebidos por ser anã, e que a família é, na verdade, a vítima na história. Kristine Barnett defende que a filha é uma sociopata que, durante anos, ameaçou esfaquear toda a sua família, chegando mesmo a tentar atirar a mãe para uma cerca elétrica e a tentar envenená-la.

Ela fazia desenhos onde dizia que queria matar os membros da família, enrolá-los num cobertor e colocá-los no quintal. Uma vez vi-a a pôr produtos químicos, lixívia ou algo assim, no meu café e perguntei-lhe o que estava a fazer. Ela disse: ‘Estou tentar envenenar-te’“, conta a mãe ao Daily Mail.

A polícia afirma que Natalia Grace ficou sozinha durante três anos, depois de ter sido abandonada pelos pais.  Mas, para Kristine Barnett, os meios de comunicação estão a tentar pintá-la “como uma abusadora de crianças”. “Mas não há criança nenhuma aqui”, garante, adiantando: “Natalia era uma mulher. Ela era menstruada. Tinha dentes de adulto. Ela nunca cresceu um centímetro, é certo, mas aconteceria o mesmo com qualquer outra criança que fosse anã”.

Antes de adotarem Natalia Grace, Kristine Barnett e Michael Barnett eram já pais de três meninos, um deles a quem, aos dois anos, tinha sido diagnosticado autismo. Jake Barnett era uma criança prodígio, que aos 12 anos escreveu uma publicação académica e aos 15 começou a estudar num prestigiado instituto de física. Kristine é, aliás, autora de livros sobre a doença e a história da família foi até contada no programa “60 Minutes” da CBS.

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[Veja o programa “60 Minutes” da CBS, emitido em sobre a família]

À data, Natalia já estava com a família há dois anos. A adoção foi finalizada em novembro de 2010. Aos pais, foi-lhes dado alguns detalhes sobre o passado da criança, alegadamente com seis anos: Natalia já estava nos Estados Unidos há dois anos, tinha uma certidão de nascimento ucraniana de 4 de setembro de 2003 e precisava de uma casa urgentemente, porque os pais adotivos anteriores tinham devolvido a filha por razões desconhecidas. Além de ser anã, Natalia Grace sofria de displasia espondilometafisária que a impedia de andar — pelo menos, era o que tinha sido aos pais que foram surpreendidos, numa ida à praia:

Os meninos correram para a água e a Natalia queria ser levada ao colo. Michael e eu estávamos cansados, então pedimos-lhe para esperar uns minutos. Com isto, ela levantou-se e correu para o mar. Lembro-me de olhar para o Mike e pensar: ‘O que está a acontecer? Ela não conseguia andar há um segundo atrás e agora simplesmente levantou-se e correu'”, recorda Kristine Barnett.

Mas os pais começaram a descobrir mais detalhes sobre a filha que começaram a levantar dúvidas. A criança tinha características sexuais secundárias de um adulto, nomeadamente ciclo menstrual regular. À medida que as dúvidas sobre a sua idade surgiam, o comportamento de Natalia começou a deteriorar-se, nomeadamente fazendo ameaças de morte à família. A criança começou a ser acompanhada por psicólogos e, em janeiro de 2012, um médico estimou que Natalia tinha, afinal, 18 anos.

Um outro médico, Andrew McLaren, garante, numa carta datada de março de 2012, que a data de nascimento de Natalia em 2003 era “claramente imprecisa” e que Natalia enganou os seus pais e outros médicos. Três meses depois, o casal tentou mudar a idade de Natalia para que pudesse receber o tratamento psiquiátrico apropriado para um adulto — pedido que foi aceite pelo juiz Gerald S. Zore que mudou a idade de oito para 22.

Kristine Barnett contou ao Daily Mail que alugou um apartamento para a filha, assim que ela recebeu alta de um internamento psiquiátrico, em agosto de 2012. Embora tenha sido despejada dessa casa por causar distúrbios, os pais alugaram um novo apartamento para ela em Lafayette. A mãe garante que manteve contacto diário com a filha, depois de se ter mudado para o Canadá, até ela ter parado de atender as chamadas. Natalia Grace disse, no entanto, à polícia que foi “deixada sozinha” quando os seus pais adotivos se mudaram para o Canadá.