Os motoristas de matérias perigosas acusam as empresas de estarem a “impor represálias” — como a suspensão ou mesmo o despedimento — aos trabalhadores que fizeram greve. Numa carta aberta enviada ao primeiro-ministro, os trabalhadores pedem a intervenção de António Costa para “agir imediatamente na proteção destes trabalhadores”, no sentido de “fazer cessar o ‘massacre’ que está a ser feito contra os mesmo”.
“As empresas Transportes Paulo Duarte, Lda., TIEL – Transportes e Logística S.A., Atlantic Cargo S.A., TML – Transportes os Três Mosqueteiros, Lda., Transportes Rodoviários J. Barroso, Lda., entre outras têm vindo sem qualquer pudor ou receio de sofrerem sanções a impor represálias aos trabalhadores que aderiram à greve, porque se sentem protegidas por V.ª Ex.ª tendo em conta a posição adoptada durante aquele período”, refere o Sindicato Nacional dos Motoristas das Matérias Perigosas (SNMMP), na carta enviada ao primeiro-ministro.
O sindicato denuncia “as enormes ilegalidades e atentados contra os motoristas”, acusando “a grande maioria” das empresas de intentarem “uma série de processos disciplinares (só porque os trabalhadores exerceram um direito constitucional que lhes assiste)”. Há ainda empresas que estão a retirar os motoristas do seu “local habitual de trabalho, fazendo-os realizar centenas de quilómetros em viatura própria para exercer a sua atividade”, outras que têm “suspendido os trabalhadores sem qualquer receio de serem punidas” ou que “acabaram mesmo por despedir os trabalhadores”.
Na carta, assinada pelo presidente do SNMMP, Francisco São Bento garante que está a recorrer às instâncias judiciais. “Mas, como V.ª Ex.ª sabe muito bem, estes processos são longos, e nesse hiato temporal estas pessoas sentem-se desprotegidas.”
Para o sindicato, estas “graves ilegalidades” estão a ser levadas a cabo pelas empresas “porque estas se sentiram protegidas por todas as atitudes que o Governo tomou a seu favor, colocando-se claramente do lado das mesmas para as proteger, ao invés de ter adotado uma postura imparcial”.
E apela por isso a António Costa para que utilize “os mesmo instrumentos e entidades por si tuteladas para agir imediatamente na proteção destes trabalhadores”. A resposta, escreve o sindicato, deve chegar até à próxima quarta-feira, dia 2 de outubro. “Caso contrário teremos que recorrer às instâncias internacionais para que possam intervir na defesa dos trabalhadores.”
O SNMMP esteve em greve entre 15 e 18 de abril e de 12 a 18 de agosto. A greve parcial convocada para 7 a 22 de setembro acabou por não se realizar, por existir um “princípio de acordo” com a Antram.