A petrolífera francesa Total classificou esta segunda-feira como um projeto “amplamente livre de riscos” a exploração de gás natural na Área 1 de Moçambique, dado que 90% da produção está já vendida — cinco anos antes de começar a produção.
O projeto de gás natural liquefeito (GNL) em Moçambique está amplamente livre de riscos, uma vez que quase 90% da produção já está vendida através de contratos de longo prazo com os principais compradores de GNL na Ásia e na Europa”, anunciou a Total num comunicado sobre a compra da participação da Occidental no projeto.
A transação foi terminada na sexta-feira e celebrada em Moçambique, acrescentando esta segunda-feira a Total que o valor do negócio ascendeu a 3.900 milhões de dólares (3.570 milhões de euros).
“Como novo operador, estamos totalmente comprometidos com o projeto”, refere Patrick Pouyanné, presidente e diretor executivo da Total, citado no comunicado em que reafirma, por outras palavras, a posição que assumiu na sexta-feira, em Moçambique, após um encontro com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
“O projeto de GNL em Moçambique é um ativo único que se encaixa perfeitamente na nossa estratégia e que permite expandir a nossa posição no mercado”, sublinha.
A transação foi acordada a 3 de maio depois de a Occidental ter adquirido a petrolífera Anadarko (também norte-americana), que arrancou com o projeto moçambicano e que o liderava com uma quota de 26,5% do consórcio. Em 3 de agosto, a Total e a Occidental assinaram um acordo de compra e venda, conseguindo desde então todas as autorizações necessárias por parte das autoridades e parceiros.
Todo o ‘portfolio’ africano da Anadarko passou para a Total – sendo que Moçambique foi o primeiro país onde se concretizou a transição: “as operações ainda estão em andamento em relação aos ativos da Anadarko nos outros países (Argélia, Gana, África do Sul)”, refere o comunicado de hoje.
O plano de desenvolvimento da Área 1 da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, Norte de Moçambique, está avaliado em 23 mil milhões de dólares – o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do país, ou seja, a riqueza que o país produz a cada ano.
O investimento está a ser utilizado para furar o fundo do mar e sugar o gás natural das jazidas Golfinho e Atum através de 40 quilómetros de tubagens para uma nova fábrica onde vai ser transformado em líquido, na península de Afungi, distrito de Palma.
Haverá duas linhas de liquefação de gás com capacidade total de produção de 12,88 milhões de toneladas por ano (medição para a qual se usa a sigla mtpa), sendo que o empreendimento pode crescer até oito linhas – prevê-se que as duas linhas explorem pouco menos de um terço das reservas totais das jazidas.
Ao lado desta fábrica vai ser construído um cais para navios cargueiros especiais poderem ser atestados com GNL, que vai ser vendido sobretudo para mercados asiáticos (China, Japão, Índia, Tailândia e Indonésia), mas também europeus, através da Eletricidade de França, Shell ou a britânica Cêntrica.
Haverá ainda uma parcela mais pequena que vai ficar no país e que será canalizada para produção de eletricidade, transformação em combustíveis líquidos e adubos, em Moçambique.
A Total passa a liderar o consórcio da Área 1 com 26,5%, ao lado da japonesa Mitsui (20%) e da petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo participações menores à indiana ONGC Videsh (10%) e à sua participada Beas (10%), à Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%).
Os projetos de gás natural devem entrar em produção dentro de aproximadamente cinco anos e colocar a economia do país a crescer mais de 10% anualmente, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras entidades.
A nível global, a petrolífera francesa é um dos principais grupos de petróleo e gás e é uma empresa que conhece Moçambique.
A Total está presente pelo país no negócio dos postos de combustível e tem um historial de pesquisa de hidrocarbonetos ao largo da costa moçambicana, atividade em que participou até há três anos.