Dezenas de pessoas, incluindo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, marcaram este sábado presença nas cerimónias fúnebres do fundador do CDS Freitas do Amaral, recordado, sobretudo, como “um homem de coragem”.
Também os antigos chefe de Estado Ramalho Eanes e Cavaco Silva, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, outras figuras políticas e cerca de 20 professores universitários, vestidos com os trajes académicos, prestaram uma última homenagem ao fundador dos democratas-cristãos, Diogo Freitas do Amaral, que morreu na quinta-feira, aos 78 anos.
O Presidente da República chegou à Igreja de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, por volta das 12:00, para assistir à missa celebrada pelo bispo auxiliar da capital, Américo Aguiar.
À entrada, o chefe de Estado afirmou que na quinta-feira “tinha prestado homenagem” a Freitas do Amaral “em nome de Portugal”, na sexta-feira foi ao velório “como amigo” e hoje voltava enquanto Presidente, mas também “como amigo”.
Marcelo Rebelo de Sousa descreveu o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros como um “homem de coragem”, que mostrou “coragem em vida, mas mostrou que é muito mais difícil ter coragem perante a morte”.
Cerca de 10 minutos antes, António Costa entrava no Mosteiro dos Jerónimos, parando à entrada para falar aos jornalistas.
“Tive o privilégio de ser seu colega de Governo e de testemunhar a sua enorme capacidade, a sua experiência, a sua lucidez e aquilo que muito apoiou, muito ajudou, à promoção internacional deste país”, afirmou o primeiro-ministro, no dia em que o Governo decretou luto nacional pela morte, na opinião de Costa, de “um grande estadista, de um notável académico”.
O presidente da Assembleia da República, que chegou à Igreja de Santa Maria de Belém às 11:30, recordou Freitas do Amaral “com grande respeito” por ter tido um “papel fundamental na construção do regime democrático” português.
“Facto é que o aparecimento do CDS”, continuou Ferro, fez com que em Portugal, até hoje, a extrema-direita não tivesse “qualquer participação nas instituições democráticas”.
Em consonância com o presidente do parlamento, o antigo Ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território João Cravinho afirmou que Freitas do Amaral “criou uma dinâmica política à direita orientada tão bem para valores sociais” que tornou “impossível o surgimento de um partido de extrema-direita forte”. “Ainda hoje vivemos, um pouco, a beneficiar disso”, declarou.
João Cravinho elogiou o homem a quem o país deve “um serviço inestimável” e que se preocupou em “assegurar um futuro democrático” com a “contribuição de cada um”, em particular “dos mais qualificados”.
O antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva entrou na sem prestar declarações e o ex-chefe de Estado Ramalho Eanes, acompanhado pela mulher, Maria Manuela Ramalho Eanes, recordou o trabalho do fundador do CDS na “afirmação democrática” da sociedade portuguesa.
“A recordação política é ter tido a coragem, num tempo de ‘esquerdização’ da sociedade portuguesa, de criar o CDS. Isto revela para mim coragem. Permitiu que uma parte da sociedade política portuguesa encontrasse lugar e permitisse fazer uma afirmação mais correta do pluralismo que é fundamental na democracia”, explicou, acrescentando que todos “os portugueses lhe devem gratidão”.
Estiveram presentes nas cerimónias fúnebres os ministros da Administração Interna, Eduardo Cabrita, do Mar, Ana Paula Vitorino, e da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Silva Ribeiro, e o antigo eurodeputado socialista e ex-ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira.
No final da missa, que durou cerca de uma hora e meia, o filho do fundador do Centro Democrático Social, Domingos Amaral, proferiu alguma palavras e outro familiar interpretou “My Way”, de Frank Sinatra.
Em 27 de junho, na apresentação de “Mais de 35 anos de Democracia — Um percurso singular”, o jurista leu algumas estrofes desta canção em inglês.
O caixão de Freitas do Amaral foi carregado por alguns dos professores universitários, que quiseram homenagear o antigo colega e professor, ouvindo-se alguns aplausos do público, que assistia à conclusão das cerimónias fúnebres.
O final das cerimónias fúnebres de Diogo Freitas do Amaral ficou marcado hoje, em Cascais, pela entrega à viúva, pelo Presidente da República, da bandeira da República de Portugal que estava por cima da urna fúnebre.
O cortejo foi recebido à entrada do cemitério por uma guarda de honra constituída por uma companhia conjunta de três pelotões (Marinha, Exército e Força Aérea), estandarte nacional e Banda da Armada.
À chegada foi tocada a marcha fúnebre e foram prestadas honras militares, com a entrada no cemitério acompanhada por três salvas de G3, seguidas de 19 salvas de artilharia pelo exército.
Antes da chegada do cortejo fúnebre, chegaram o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Silva Ribeiro, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebidos com honras militares e presentes à do cemitério aquando da chegada do cortejo fúnebre.
Depois de breves orações, militares da Marinha dobraram a bandeira da República Portuguesa que estava sobre o caixão e Marcelo Rebelo de Sousa entregou-a à mulher de Freitas do Amaral, Maria José de Matos, às 14:43.
Além de familiares e amigos, dezenas de populares assistiram a esta cerimónia.
Entre os presentes estiveram a atual líder do CDS-PP, Assunção Cristas, e o ex-líder do CDS-PP Ribeiro e Castro, assim como o ex-banqueiro Ricardo Salgado.
A restante cerimónia seguiu reservada a familiares e amigos, sem a presença da comunicação social.