Com o Governo liderado por Boris Johnson a continuar a manter em cima da mesa uma saída sem acordo do Reino Unido da União Europeia, os fabricantes que mantêm uma presença industrial em Inglaterra voltam à carga, avisando que as suas fábricas deixam de fazer sentido. O aviso mais recente parte da Nissan, que deixa claro que a sua fábrica de Sunderland não continuará a ser sustentável, caso não se chegue a acordo em relação ao Brexit.

Sunderland é das fábricas de automóveis mais importantes no Reino Unido, tanto em termos de postos de trabalho, como em número de veículos produzidos anualmente. Dali saem os Nissan Qashqai e o novo Juke, entre outros modelos da Nissan e da Infinity, a um ritmo de 450.000 carros por ano. Daí que devesse ser um choque as palavras à Bloomberg por parte do chairman da Nissan Europa, Gianluca de Ficchy, que afirmou que neste cenário de “no deal” será impossível para a marca japonesa absorver os custos inerentes às taxas a pagar, relativas às trocas comerciais com o resto da Europa, tornando a fábrica inviável.

Em relação ao Juke, por exemplo, a Nissan vai ter de suportar os impostos (10%) relativos à importação para o Reino Unido de peças da Renault utilizadas no modelo, do motor à caixa de velocidades, para depois ter de suportar outros 10% sobre o valor final do veículo, antes de o enviar rumo à Europa. Esta realidade é ainda mais grave se tivermos presente que 70% dos veículos fabricados em Sunderland atravessam o Canal da Mancha em direcção aos antigos parceiros de Inglaterra.

Os primeiros sinais negativos já começaram a surgir, com a Nissan a anunciar que o X-Trail deixará de ser produzido em Sunderland, salientando que a capacidade de produção cairá cerca de 20%, para apenas 360.000 unidades/ano.

Resta saber qual será o resultado das negociações entre União Europeia e Reino Unido que ainda decorrem, apesar de Johnson já ter afirmado que sairá com acordo ou sem acordo. E, muito provavelmente, o mesmo acontecerá à fábrica de Sunderland.

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