O Presidente norte-americano anunciou esta terça-feira sanções contra a Turquia, para restringir os ataques turcos aos combatentes curdos e civis na Síria, que começaram depois de Donald Trump anunciar a retirada dos militares dos EUA do norte do país.
O vice-presidente norte-americano, Mike Pence, anunciou que Trump pediu ao Presidente turco, Recep Erdogan, que “acabe com a invasão” e que ele próprio se iria deslocar à Turquia para discutir o assunto. Também esta terça-feira, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, avançou que três ministros turcos foram objeto de sanções, já assinadas por Trump.
Antes, o republicano Donald Trump já tinha anunciado a suspensão das negociações comerciais com a Turquia e o aumento das tarifas alfandegárias sobre o aço turco.
No Congresso, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, anunciou que está a preparar com um dos principais senadores republicanos, Lindsey Graham, legislação para “anular” a decisão de Trump da retirada militar da Síria. E o próprio líder republicano no Senado, Mitch McConnell, disse hoje que a retirada militar ameaçava ser uma “calamidade estratégica” e originar um “resultado catastrófico” para os interesses norte-americanos na região.
Entretanto, os EUA têm sido muito criticados, tanto pela retirada atabalhoada, como pelas consequências nas relações com aliados, como ainda pela ressurgência do Estado Islâmico que a sua decisão permite, quando o combate aos milicianos deste grupo foi das razões principais para a ida dos norte-americanos para a Síria.
Na semana passada, os turcos começaram a atacar os curdos sírios, que têm sido um aliado de longa data dos EUA no combate àquele grupo, também designado Daesh (acrónimo árabe do grupo extremista Estado Islâmico). Hoje, tropas do Governo sírio dirigiram-se para a região fronteiriça, criando as condições para um potencial confronto com as forças turcas.
As milícias curdas anunciaram um acordo com o Presidente sírio, Bashar Assad, para os ajudar a enfrentar a invasão turca. As tropas dos EUA consolidaram as suas posições no norte da Síria, durante a segunda-feira, e estão a preparar a retirada de material antes de saírem totalmente da região, anunciou um dirigente do setor da Defesa.
As apressadas preparações seguem-se à decisão tomada por Trump no sábado de expandir uma retirada parcial em uma retirada total. Decisão que coloca muitas questões, como a viabilidade da pressão ao Daesh na Síria, agora sem tropas no terreno.
Os militares dos EUA têm estado no país desde 2015, a apoiar com armas e conselhos grupos de combatentes sírios liderados pelos curdos, que eliminaram o controlo do território sírio pelo Daesh, mas que continuavam a trabalhar para impedir a sua ressurgência.
Hoje, numa série de mensagens divulgadas na rede social Twitter, Trump defendeu a sua decisão e fez ataques sarcásticos aos críticos que consideram a retirada militar da Síria uma traição aos curdos e algo do gosto dos dirigentes de Moscovo. “Quem quiser ajudar a Síria na proteção aos curdos, esteja à vontade, seja a Rússia, a China ou Napoleão Bonaparte”, escreveu.