João Oliveira, líder parlamentar do PCP, não se vê como futuro líder do PCP — “Não. De todo, de todo” —, e admite que os estatutos preveem “até a possibilidade de não haver secretário-geral”. Em entrevista dada ao Público e à Renascença, João Oliveira frisa ainda que “não há tabu nenhum” relativamente à liderança do PCP e à sucessão de Jerónimo de Sousa.
Ao ser questionado em relação à não existência de um acordo assinado com o PS, ao contrário do que aconteceu em 2015, João Oliveira considera que “não se trata de uma questão de opção, trata-se de uma questão de desnecessidade”.
Houve um erro de análise nestas eleições que foi pegar naquilo que tinha acontecido em 2015 como se fosse um guião e aplicá-lo à realidade de 2019. Ora, a circunstância é completamente diferente”, disse o membro da comissão política do Comité Central do PCP.
Acerca do novo programa de Governo, o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP diz que António Costa não deu garantias de que irá incluir propostas do PCP, mas que se admitiu a “possibilidade de haver algum contacto antes da entrega do programa, mas nada com a perspetiva de construir um programa conjunto”, acrescentando que “isso nem há quatro anos aconteceu, muito menos aconteceria agora”.
As questões dos direitos dos trabalhadores, o aumento geral dos salários, onde se inclui o salário mínimo, não são de discussão do OE, são de discussão no quadro da contratação coletiva e medidas de decisão do Governo”, disse o líder parlamentar do PCP quando questionado acerca de questões que considera prioritárias. Para João Oliveira, este é um exemplo de uma questão central para o PCP e que, apesar de não ser do orçamento, “tem um peso que ultrapassa em muito outras matérias do orçamento”.
Apesar do reduzido grupo parlamentar, João Oliveira afirma que “aqueles 12 deputados do PCP são 12 deputados a mais a travar-lhes os planos”, referindo-se à campanha dirigida contra o PCP e a “outros traços que são muito preocupantes, nomeadamente o branqueamento do fascismo”.
João Oliveira diz que ainda não está decidido se continua como líder parlamentar, “mas em princípio sim”: “Manterei as minhas responsabilidades no grupo parlamentar”, adianta.
A vice-presidência da Assembleia ainda não está decidida, mas João Oliveira garante que António Filipe, o último vice-presidente, “continua a ser um dos deputados mais experientes da AR, que ficará muito bem servida” se for essa a proposta do PCP.