Quarenta e dois locais estão referenciados em “Lugares de José Afonso na geografia de Setúbal”, um roteiro que, segundo o prefácio, pretende “caminhar com José Afonso” e “refazer espaços e trajetos” do cantor na cidade e no concelho.

Integrado nas comemorações dos 90 anos do nascimento de José Afonso – assinalados em 2 de agosto último – e dos 45 anos do 25 de Abril de 1974, o roteiro é editado pela Associação José Afonso com a colaboração da Câmara Municipal e do Instituto Politécnico de Setúbal e estará disponível ao público a partir da próxima semana, disse à Lusa fonte da AJA.

O antigo Liceu Nacional de Setúbal (atual Escola Secundária de Bocage) – onde o Estado Novo colocou José Afonso como professor, em 1967, e onde lecionava quando o mesmo Estado Novo o expulsou do ensino pouco tempo depois – e o Círculo Cultural de Setúbal, de que foi um dos fundadores, em 1968, contam-se entre os locais referenciados no roteiro – que são acompanhados por um código QR, que remeterá para informações disponibilizadas pela AJA na sua página a internet, constam dos locais referenciados.

O Clube Naval Setubalense, em cujo pavilhão o autor de “Grândola, Vila Morena” começou a praticar judo logo que chegou à cidade, onde foi um dos oradores do primeiro comício do 1.º de Maio de 1974 e que, em março de 1975, também foi palco de confrontos durante o Período Revolucionário Em Curso (PREC), tendo dado origem ao tema “Foi na cidade do Sado”, incluída no disco “Viva o poder popular” então editado, é outro dos locais referenciados pelo roteiro.

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A sede da PIDE/DGS (Polícia Internacional e de Defesa do Estado/Direção-Geral de Segurança), naquela cidade da margem sul do Tejo, onde o cantor foi chamado várias vezes a prestar declarações e onde, “por atividades contra a segurança do Estado”, foi preso, em outubro de 1971, consta também dos 42 locais catalogados no roteiro.

Os cafés de Setúbal frequentados por José Afonso, que eram palco de convívio entre o cantor e jovens, estudantes e lutadores antifascistas, a serra da Arrábida onde gostava de passear, Vila Nogueira de Azeitão, onde o autor de “Utopia” fixou residência, em 1979, a Escola Secundária de S. Julião – em cujo pavilhão decorreu o velório do cantor que morreu em 23 de fevereiro de 1987 – e a campa rasa onde, a seu pedido, foi sepultado no cemitério de Nossa Senhora da Piedade, em Setúbal, são outros dos 42 locais do roteiro.

Resultante de um trabalho do professor e investigador do Instituto Politécnico de Setúbal Albérico Afonso Costa, a publicação conta com testemunhos de, entre outros, Helena Afonso, a filha mais velha do autor, de uma antiga aluna sua no então Liceu Nacional de Setúbal e de amigos pessoais do cantor assim como de documentos da PIDE/DGS sobre o cantor e a sua atividade política até à Revolução dos Cravos.