O dirigente do programa nuclear do Irão anunciou esta segunda-feira que o país começou a operar 60 centrifugadoras avançadas IR-6 para produzir urânio, violando novamente o acordo nuclear assinado em 2015 com as maiores potências do mundo.

O anúncio foi feito no dia em que o Irão assinala o 40.º aniversário da invasão da embaixada dos Estados Unidos em Teerão com protestos antiamericanos em muitas cidades do país.

Irão assinala 40.º aniversário da invasão da embaixada dos EUA com manifestações: “Morte à América, Morte a Israel, Vitória para Islão”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ali Akbar Saléhi disse ainda que o Irão produz a partir de agora cinco quilogramas de urânio enriquecido por dia, mais de dez vezes mais do que há dois meses.

Segundo Ali Akbar Salehi, o Irão opera atualmente o dobro das centrifugadoras avançadas relativamente ao que o país assumia ter. Uma centrifugadora IR-6 consegue produzir urânio 10 vezes mais depressa do que a primeira geração desta tecnologia (as IR-1), as únicas permitidas pelo acordo do nuclear.

Nuclear: Alcançado acordo histórico com o Irão

O acordo de 2015, assinado pelo Irão com os Estados Unidos, a China, a Rússia, a França, a Alemanha e o Reino Unido, prevê limitações técnicas significativas no programa nuclear do Irão – como a quantidade de centrifugadoras para produção de urânio a utilizar por Teerão – para impedir que o país detenha bombas atómicas, em troca do levantamento de sanções internacionais.

Devido à retirada unilateral dos Estados Unidos do pacto em 2018 e à reposição de sanções, o Irão começou, em maio, a violar alguns dos compromissos nucleares assumidos para pressionar os países europeus a garantir as suas vantagens económicas com o acordo.

Orgulhosamente só, Trump retira EUA do “acordo desastroso” com o Irão

Ao utilizar estas centrifugadoras avançadas, o Irão reduziu ainda mais o prazo estimado pelos especialistas para Teerão construir uma arma nuclear, que era de um ano.

O ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano já tinha ameaçado, na quinta-feira, voltar a reduzir os seus compromissos nucleares, argumentando que os esforços da Europa até agora “não produziram resultados tangíveis”.

O porta-voz do ministério, Abas Musavi, explicou na altura que, devido às circunstâncias atuais, é “muito provável que seja dado o quarto passo” na redução dos compromissos do acordo nuclear.