A Vanguard Properties e a Amorim Luxury adquiriram esta quinta-feira em conjunto a Herdade da Comporta por 157,526 milhões de euros, numa cerimónia de assinatura da escritura que se realizou nos escritórios da Deloitte — supervisora do concurso desde 2018.

A assinatura escritura tinha inicialmente a data prevista de 28 de outubro, mas foi adiada para esta quinta-feira devido a um atraso nos “procedimentos relacionados com as servidões administrativas”.

Num comunicado enviado às redações, o consórcio indica que “fica, assim, concluído um longo trabalho de negociação e formalização do processo de aquisição que vai permitir o desenvolvimento de toda uma região, criando emprego, oferta turística de altíssima qualidade, tudo num contexto de respeito pela vida, pelos ecossistemas, e pela sustentabilidade futura”.

A Herdade da Comporta, composta pelos empreendimentos Comporta Dunes e Comporta Links, abrange cerca de 1.380 hectares de área, entre edificações e floresta.

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O processo de venda teve início há cerca de quatro anos, após o colapso do Grupo Espírito Santo — o consórcio Amorim/Vanguard foi então o único a apresentar uma proposta.

Há pouco mais de um ano, em 28 de outubro de 2018, a Gesfimo, grupo que detinha a gestão da propriedade, assinou um contrato promessa de compra e venda com o consórcio. Um mês depois, a assembleia-geral de participantes da Herdade da Comporta aprovou a venda da mesma.

Mas ainda em outubro, a Total Value (lesada do Grupo Espirito Santo em mais de 20 milhões de euros) tentou anular o processo de venda e incitou a um novo concurso alegando que a Herdade teria sido posta à venda por um valor bastante inferior ao valor de mercado real. Na altura o negócio ficou suspenso pelo Tribunal Central de Instrução Criminal,  em função de um recurso apresentado pela Total Value. A mesma empresa tinha a 5 de setembro recorrido para o Tribunal da Relação de Lisboa contra a venda pelos mesmos motivos.

Esta foi a última tentativa de impedir o negócio, numa guerra judicial que existe desde 2017. Na altura, a Total Value exigia a avaliação dos bens imobiliários da Herdade da Comporta por um especialista independente, desconfiando mesmo que não existia avaliação alguma. Ricardo Sá Fernandes, representante da Total Value, questiona também o facto de ter existido apenas uma oferta para um património tão valioso quando foram convidadas 31 empresas.

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