Foi esta segunda-feira ratificada em Paris a decisão que estipula o dia 5 de maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa, promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), avançou a Antena 1.
Marcelo Rebelo de Sousa já se congratulou pelo reconhecimento da língua portuguesa no mundo, não esquecendo o papel da diplomacia portuguesa e em particular de António Sampaio da Nóvoa, como se pode ouvir aqui.
Em sintonia, esteve também o primeiro-ministro. “É um passo muito importante para os 260 milhões de pessoas que têm o Português com língua oficial e que é hoje a língua mais falada no hemisfério Sul”, disse António Costa à RTP acrescentando que se prevê um enorme crescimento do idioma que, estima-se, tenha “até ao final do século 500 milhões” de falantes. Uma “língua cada vez mais global” e por isso uma “prioridade fundamental na nossa política externa”, concluiu o primeiro-ministro.
Esta é a primeira vez que uma língua não oficial da organização é distinguida com um dia Mundial. A proposta foi apresentada por todos os países lusófonos em outubro e foi apoiada por mais 24 países como Argentina, Chile, Geórgia, Luxemburgo ou Uruguai, o que resultou numa aprovação por unanimidade no conselho da UNESCO a 12 de novembro. A proposta aprovada afirmava que o português é a língua mais falada e difundida no hemisfério sul e tem no mundo 265 milhões de falantes, tendo sido o idioma da primeira vaga da globalização.
Portugal esteve representado na cerimónia em Paris por uma comitiva que incluiu o primeiro-ministro António Costa, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes e o Embaixador de Portugal na UNESCO, António Sampaio da Nóvoa.
De acordo com o embaixador português na UNESCO, este será um dia celebrado em grande nos corredores da sede da organização com iniciativas musicais e literárias, mas que espera também ter impacto internacional. “Entra nos calendários internacionais, o que significa que ganha projeção do ponto de vista internacional e que pode ter consequências nos mais variados planos”, disse à Lusa em outubro.
O primeiro-ministro respondeu ainda a perguntas sobre o acordo ortográfico. “Essa é uma questão [do acordo ortográfico] que os Estados têm debatido: as línguas não são só escritas têm também uma dimensão falada. O português tem uma característica importante, tem-se sabido adaptar a diferentes territórios onde tem evoluído. […] Hoje é uma língua que pertence a muito mais pessoas no Mundo do que só a nós portugueses e isso traduz-se em formas diversas de escrever”, concluiu o primeiro-ministro.
António Costa deslocou-se a Paris também para homenagear o artista Manuel Cargaleiro que recebe esta segunda-feira a Ordem de Mérito Cultural e da Câmara Municipal de Paris, a medalha Grand Vermeil — a maior distinção que a cidade pode atribuir e que já foi recebida por outros portugueses como Manoel de Oliveira.
O Presidente da República também já se declarou “muito feliz” com a proclamação pela UNESCO do dia 5 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa, saudando e agradecendo a Sampaio da Nóvoa o seu contributo para esta decisão. “Fico muito feliz, eu acompanhei o processo”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Lisboa, acrescentando: “É o reconhecimento de uma grande língua no mundo, uma das maiores línguas do mundo, de que nos orgulhamos nós, portugueses, e todos os que falam essa língua”
O chefe de Estado, que falava aos jornalistas à saída do Espaço Júlia — Resposta Integrada de Apoio à Vítima, em Lisboa, assinalou a “feliz coincidência” de o primeiro-ministro, António Costa, “se encontrar precisamente em Paris no momento em que há essa decisão formal” da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Em seguida, o Presidente da República quis “prestar homenagem e agradecer o contributo” de António Sampaio da Nóvoa, embaixador de Portugal na UNESCO, considerando que “foi um batalhador, um militante por essa conquista”. Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “o facto de a UNESCO, que é uma organização mundial, reconhecer o papel da língua portuguesa deve-se à diplomacia portuguesa em geral, deve-se ao valor da língua portuguesa, mas deve-se muito ao contributo do senhor embaixador António Sampaio da Nóvoa”.
Numa nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado realça igualmente esta decisão da Conferência Geral da UNESCO e saúda “o empenho” do embaixador de Portugal junto desta organização, António Sampaio da Nóvoa, que foi seu adversário nas eleições presidenciais de janeiro de 2016.
“Também as organizações internacionais, os Estados onde se fale e estude o português, universidades ou instituições da sociedade civil de países não-lusófonos têm um papel muito importante a desempenhar, porque permitem, no círculos de emigração e para além deles, que a nossa língua (nossa de todos os falantes, independentemente da sua nacionalidade) continue viva e em expansão. Constitui um elo central de ligação entre o território físico de Portugal e a dimensão multinacional da nossa Diáspora”, acrescenta.