Usman Khan, o homem que atacou várias pessoas com uma faca junto à Ponte de Londres esta sexta-feira, depois de ter estado numa conferência sobre reabilitação de condenados era já conhecido das autoridades. O homem de 28 anos tinha sido condenado por terrorismo em 2012, por ter estado envolvido no planeamento de um ataque à Bolsa de Londres, inspirado pela Al-Qaeda. Khan fazia parte de um grupo de nove extremistas de Londres, Stoke-on-Trent e Cardiff. Era o mais novo, mas um dos que mais levavam o jihadismo a sério, refere o The Guardian, que consultou a sentença do julgamento de 2012.

Khan, nascido no Paquistão, queria criar uma escola de treino para terroristas em Caxemira, num terreno que pertencia à sua família. Segundo um relatório independente sobre terrorismo, datado de 2013, o atacante chegou mesmo a viajar ao Paquistão acompanhado por dois outros homens de Stoke-on-Trent, uma localidade no centro de Inglaterra. Faziam parte do grupo que queria colocar bombas nas casas de banho da Bolsa de Londres e em vários pubs em Stoke, e que tinha acesso a cópias em inglês da revista da Al-Qaida, a Inspire. A operação foi desmantelada pelo MI5 e pela polícia.

Uma lista de alvos encontrada pelas autoridades incluía nomes e endereços de personalidades como o mayor de Londres, o decano da Catedral de S. Paulo, o embaixador norte-americano em Londres e Boris Johnson. Escutas colocadas nas casas dos extremistas permitiram gravar conversas em que defendiam que Hitler estava do lado dos muçulmanos porque percebia que “os judeus eram perigosos”. De acordo com o The Guardian, o grupo defendia que menos de 100 mil judeus tinham morrido durante a Segunda Guerra Mundial, quando as estimativas apontam para 6 milhões.

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Na sentença que condenou o grupo de jihadistas, em 2012, o juiz Justice Wilkie considerou que estes tinham embarcado “numa aventura séria e a longo prazo no terrorismo”, que podia resultar em atrocidades cometidas no Reino Unido. Usman Khan foi impedido de ser libertado da prisão enquanto fosse considerado um perigo público, mas a sentença foi revista em abril de 2013 e alterada para 16 anos de prisão. O atacante saiu em liberdade condicional em dezembro de 2018.

Na prisão, Khan chegou a escrever uma carta de desradicalização e pediu ao seu advogado para ser inserido num programa que o ajudasse a ser um bom muçulmano e um bom cidadão britânico. E tal pode ter contribuído para sair da prisão quando ainda não tinha completado sete anos de uma pena de 16. Esta sexta-feira ainda assistiu a uma conferência sobre reabilitação de reclusos e no final, pelas 14h00, com duas facas na mão e um falso colete bombista ameaçou fazer explodir o edifício.

O suspeito atacou à facada cinco pessoas que o tentaram travar, duas delas morreram e as outras permanecem no hospital. O jihadista foi abatido pelas autoridades de seguida.

Ataque na Ponte de Londres. Um dos cidadãos que parou terrorista tinha sido condenado por homicídio