Portugal está entre os mais de 30 países que entre setembro e novembro participaram numa operação internacional contra o branqueamento de capitais e os correios de dinheiro (“money mules”), ou seja, clientes de bancos que cedem as suas contas para receber e transferir dinheiro que resulta da prática de crimes. Muitas vezes sem sequer saberem que estão a ser cúmplices. Os resultados globais foram agora divulgados pela Europol: 228 detidos e 3833 correios de dinheiro identificados em 1025 processos abertos para investigar.

Segundo o comunicado da Europol, que reúne elementos policiais de vários países europeus, para a operação contribuiu a ajuda de mais de 600 entidades bancárias que denunciaram precisamente 7520 esquemas fraudulentos, correspondendo a uma perda de 12,9 milhões de euros.

Além da identificação dos ‘transportadores de dinheiro’, foram identificados 386 recrutadores destes correios, mas só 228 foram efetivamente detidos. Estas operação foi compostas por ações policiais em 31 países europeus sempre com o apoio da Europol e da Eurojust.

Por enquanto desconhece-se se foram e quantos foram detidos em território nacional. As autoridades alertam para o facto destes correios de dinheiro (money mules) serem diferentes dos correios de droga, por não estarem propriamente a transportar um produto ilegal entre países. Neste caso, referem em comunicado, estas pessoas estão a fazer parte de um esquema de lavagem de dinheiro sem saberem — recebendo e transferindo dinheiro obtido ilegalmente entre contas bancárias e / ou países.

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A Europol constata que os recrutadores destes correios estão a inventar cada vez mais “formas engenhosas” para atrai-los. E umas delas através das redes sociais e de sites de encontros para relações amorosas. Depois de travado o conhecimento com as suas vítimas, estes criminosos convencem-nos a abrir contas bancárias para receber e enviar fundos, ganhando dinheiro com isso. “Essa técnica é particularmente popular entre estudantes e jovens adultos”, diz a Europol.

A polícia alerta para o facto de os titulares das contas serem os primeiros a serem visados nas investigações e que, mesmo sem a intenção, ou o conhecimento, de que estão a cometer um crime, poderão ser penalizados por isso.

#dontbeamule é a campanha que está a atravessar a Europa precisamente para alertar quem possa ser contactado para este esquema. As próprias entidades bancárias estão a avisar os seus clientes para isso. Normalmente, dizem, estas propostas chegam sempre como uma verdadeira proposta de contrato de trabalho com promessa de grandes rendimentos com pouco trabalho, e pode ser pago tanto através de comissões como com remunerações fixas. Basta fazer circular na sua conta dinheiro da tal empresa para a qual estão supostamente a trabalhar.