O primeiro-ministro britânico partilhou esta terça-feira, a apenas dois dias das eleições para o Parlamento, um vídeo onde, parodiando uma das cenas mais icónicas da comédia romântica natalícia “O Amor Acontece” (“Love Actually”, no original), pede votos no partido conservador. “Só precisamos de mais nove lugares para termos uma maioria”, é o que pode ler-se num dos 19 cartões mostrados por Boris Johnson a uma incauta eleitora, apanhada no sofá a ver televisão com o marido.

No filme, que em 2003 reuniu uma série de atores famosos em outras tantas histórias de amor em tempo de Natal— a portuguesa Lúcia Moniz protagonizou uma delas; Hugh Grant, justamente no papel de primeiro-ministro britânico em funções, deu a cara por outra  —, a famosa cena dos cartões serviu para fazer uma declaração de amor em surdina. Que é como quem diz para o melhor amigo de um dos personagens revelar à mulher dele que estava perdidamente apaixonado por ela — e que assim ia ficar, de forma platónica (foi uma cena romântica, não de incitamento efetivo à traição).

Agora, na vida real, Boris Johnson apropriou-se do contexto — está lá tudo, desde o cenário aos adereços, passando pelas características físicas dos atores e pelo “Silent Night” a tocar em fundo — para pedir votos nos conservadores.

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“Com sorte, no próximo ano já vamos ter feito o Brexit (se o Parlamento não o bloquear outra vez) e vamos poder seguir em frente. Mas, por agora, deixe-me dizer-lhe que o seu voto nunca foi tão importante.  O outro tipo pode ganhar… por isso você tem uma escolha a fazer, entre uma maioria funcional ou outro parlamento acorrentado a discutir sobre o Brexit. Está mais perto do que imagina, só precisamos de mais nove lugares para termos uma maioria. E a 12 de dezembro o seu voto vai fazer toda a diferença. Feliz Natal”, diz o primeiro-ministro britânico sem abrir a boca. “Já chega. Vamos fazer isto”, é como termina o vídeo, já de forma bem audível.

O Twitter já reagiu e não foi para aplaudir o primeiro-ministro. Hugh Grant, o primeiro-ministro do filme, também, na BBC Radio 4, apontou o dedo à campanha: “Reparei que um dos cartões do filme original que ele não mostrou dizia ‘Porque no Natal diz-se a verdade’ e fiquei a pensar, será que os spin doctors dos tories acharam que era um cartão que não ia ficar muito bem nas mãos de Boris Johnson?“.