Dois anos depois, o ex-produtor de cinema de Hollywood Harvey Weinstein, que viu esta quarta-feira o tribunal de Manhattan aumentar-lhe a caução para 5 milhões de dólares por ter violado os termos da liberdade condicional, chegou a um acordo provisório com as dezenas de vítimas de abusos sexuais que o acusaram. O acordo, segundo noticia o New York Times, passa pelo pagamento de 25 milhões de dólares por parte da Weinstein Company e não obriga o ex-produtor de cinema a admitir má conduta ou a pagar, ele próprio, uma indemnização às vítimas.

Segundo aquele jornal, que cita “vários advogados” sob anonimato, a proposta de acordo judicial já recebeu a aprovação preliminar da maioria das partes envolvidas. Mais de 30 atrizes e antigas funcionárias de Weinstein que o acusaram de crimes sexuais, que vão do assédio à violação, irão partilhar a quantia acordada. Se se confirmar, o acordo põe fim ao processo judicial contra Weinstein e a sua empresa, que se arrasta há dois anos e que foi o início do movimento #MeToo.

O acordo, contudo, ainda requer aprovação do tribunal e uma assinatura final de todas as partes. A quantia será paga por companhias de seguros que representam a antiga Weinstein Company, uma vez que a empresa está em situação formal de falência. Por isso mesmo, as queixas das mulheres que o acusaram tiveram de ser feitas na ótica de credoras da empresa. O pagamento seria parte de um acordo total de 47 milhões de dólares destinado a encerrar as obrigações da empresa, segundo os advogados ouvidos pelo New York Times.

O julgamento de Harvey Weinstein está marcado para o dia 6 de janeiro. Esta quarta-feira, depois de uma audiência de dois dias, o juiz do tribunal de Manhattan decretou o aumento da caução de 1 para 5 milhões devido a violaões da pulseira eletrónica que tem de usar enquanto aguarda por julgamento. Esta semana, Weinstein apareceu perante o juiz num andarilho, tendo a advogada justificado que o ex-produtor ficou com um problema na coluna depois de um acidente de carro que sofreu em agosto, e deve ser submetido a uma cirurgia nas próximas semanas.

Weinstein saiu em liberdade em maio do ano passado, depois do pagamento de uma caução de 1 milhão de dólares (cerca de 858 mil euros) e com pulseira eletrónica, aguardando julgamento desde então. O ex-produtor norte-americano está acusado de violação, crimes sexuais e de abuso e assédio sexual, mas tem negado todas acusações. A pena podia chegar a prisão perpétua.

Segundo o Washington Post, o procurador pediu ao juiz para aumentar a caução, exigindo-lhe 5 milhões de dólares em dinheiro. A agravante é o facto de o ex-produtor, que está na origem do movimento #MeToo, ter violado dezenas de vezes os limtes da pulseira eletrónica: a acusação fala em 57 falhas, mas a defesa alega que, se houve falhas, foi por motivos técnicos e não intencionais. Weinstein não tem permissão para viajar para fora de Nova York ou Connecticut sem notificar os promotores e não pode sair dos Estados Unidos sob nenhuma condição.

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