A campanha de Luís Montenegro acusa o PSD de falhas e irregularidades no processo de atualização de dados de militantes do partido e já pediu a intervenção do presidente do Conselho de Jurisdição do partido, através de um requerimento apresentado esta sexta-feira. Do outro lado, o secretário-geral adjunto do partido diz não compreender as acusações e que só as pode ver como uma questão de disputa entre candidaturas.
Em declarações ao Observador, o diretor da campanha, Pedro Alves, denunciou que “os primeiros cadernos eleitorais” que lhes foram disponibilizados têm “menos 50 mil militantes” do que o suposto. “Foi uma falha que fomos nós que detetámos e, caso não tivéssemos feito esta denúncia, certamente que estaríamos a trabalhar no erro. Não sei se as outras candidaturas tiveram acesso a cadernos iguais ou se havia cadernos diferentes para umas candidaturas e para outras.”
Para Pedro Alves, as vozes dos militantes do PSD estão a ser silenciadas: “Não estamos a perceber o porquê do arrastar permanentemente o processo eleitoral em questões de natureza administrativa.” Além disto, o diretor de campanha de Luís Montenegro frisa também que apoiantes do partido com as quotas em dia podem ser prejudicados por falhas de uma nova plataforma utilizada pelo partido.
Preocupa-nos que militantes ativos, que tenham pagado as suas quotas durante estes dois anos e cuja inscrição estava bem feita nos ficheiros do partido, neste momento, se houver um erro por mudança de número de telemóvel ou porque não têm número de telemóvel ou não querem ceder este número (…), estão impedidos de ter acesso à sua referência para poder pagar a quota”, diz Pedro Alves, considerando que estes militantes “estão a ser vedados dos direitos que têm e que estão previstos nos estatutos”.
E adianta que já pediu a intervenção do Presidente do Conselho de Jurisdição do PSD: “Não podendo nós acompanhar de forma próxima todo o processo, solicitamos ao Presidente do Conselho de Jurisdição que participe em todos os atos e ao Conselho de Jurisdição que acompanhe ou tome a iniciativa de encontrar uma forma de auditar melhor estes processos.”
Pedro Alves afirmou ao Observador que acredita que as falhas vão ser corrigidas, após a intervenção do presidente do Conselho de Jurisdição do Partido Social Democrata.
Não há nenhuma razão para que elas não venham a ser corrigidas, mas nós cá estaremos para, de forma atenta, denunciar e para também procurar ultrapassá-las, através dos meios próprios. Não vejo que o PSD queria entrar numa guerrilha administrativa num processo que é tão importante como a eleição do presidente do PSD, candidato a primeiro-ministro.”
Uma “questão que não existe” e um erro “corrigido prontamente”
Em reação às acusações, o secretário-geral adjunto do PSD, disse ao Observador que o erro informático aconteceu há três semanas e não se deu apenas com a candidatura de Luís Montenegro. “Também na candidatura do Rui Rio foram enviadas listagens que tinham um erro na extração informática”, explicou Hugo Carneiro, acrescentando que o erro foi “prontamente corrigido mal foi identificado” e que estranha as acusações divulgadas este sábado.
Para Hugo Carneiro, “a questão não existe” e as acusações só podem ser compreendidas “da perspetiva do diálogo entre as candidaturas, do debate interno”. “Isto não tem nada a ver com a secretaria geral, não tem nada a ver com a organização do processo eleitoral. Isto tem a ver com a contenda entre as candidaturas“, acrescentou o secretário-geral adjunto do partido.
No âmbito da comissão eleitoral que existe, as três candidaturas anunciadas publicamente participaram em reuniões que têm decorrido com cordialidade, transparência e pacificamente. Não compreendo as declarações que foram feitas hoje por uma das candidaturas, porque essas reuniões decorrem com bastante sobriedade”, referiu ao Observador o secretário-geral adjunto do PSD.
O responsável do processo eleitoral do PSD salientou ainda que tudo “está a decorrer com as regras que foram aprovadas pelo Conselho Nacional há várias semanas” e que estas regras “são iguais para todas as candidaturas”. Luís Carneiro falou ainda de “coisas inéditas na gestão do processo eleitoral” que a secretaria geral implementou, como o acesso no site às quotas pagas por distrito e secção e a extração “de todas as listagens em tempo real”.
(Artigo atualizado às 18h, com a reação do secretário-geral adjunto do PSD)