O deputado único do Chega, André Ventura, disse esta terça-feira, num almoço com empresários e diplomatas, que “é melhor” estar entre eles do que com o Presidente da República, com quem teve uma audiência durante a tarde. Ventura foi o orador convidado num almoço do International Club of Portugal, que decorreu num hotel, em Lisboa.

Quando tomou a palavra, o deputado começou por agradecer a receção, apontando que “nem sempre” é “recebido com simpatia” onde vai, e confessou: “É melhor estar aqui convosco do que com o senhor Presidente da República”. Logo de seguida, dirigiu-se à imprensa presente e justificou que aquelas palavras foram proferidas “sem nenhuma ofensa”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, iniciou esta terça-feira uma ronda de audiências com os partidos com assento parlamentar, e o Chega foi recebido às 16h.

Já no final da iniciativa, questionado pela Lusa sobre o assunto, André Ventura justificou que gosta mais “de estar junto dos cidadãos, junto dos possíveis eleitores do que com as instituições”. “Sempre fui assim, nunca fui muito institucionalista, sempre fui mais de fazer política junto das pessoas. É só por isso, não tinha que ver com o senhor Presidente da República com quem vou estar daqui a 20 minutos, não tem nada a ver com o senhor Presidente em particular”, alegou.

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Ventura assinalou também que “diria o mesmo se fosse com o primeiro-ministro ou com o presidente da Assembleia da República ou com o presidente da Câmara de Lisboa”. “Diria o mesmo, é apenas porque a minha forma de fazer política é esta. Onde eu gosto de estar é com as pessoas, junto das pessoas, é só isso”, acrescentou. Perante a plateia que o ouvia, Ventura afirmou que o Chega é um partido “do cidadão comum”.

Convidado para falar sobre “um novo sistema político para Portugal”, o deputado único eleito pelo círculo de Lisboa defendeu uma “mudança à portuguesa, sem medos”, mas ressalvou que não é “nenhum radical de destruição” do que está instituído desde o 25 de Abril de 1974. “Este sistema já não nos dá resposta” em temas como a saúde ou transparência e “vai implodir”, advogou, apontando que “ama de tal forma o país” que estaria disposto a “morrer por ele, se fosse preciso”.

Defendendo também que “tem de ser refundado o Estado social”, o deputado único apontou que o Chega quer “um novo estado, um estado novo”. Apercebendo-se da coincidência com o nome do regime liderado por Salazar, Ventura corrigiu que defende um estado novo, “mas noutro sentido”.

Perante uma pergunta sobre a alegada alteração ao programa eleitoral do Chega, que teria sido retirado do ?site’ do partido, André Ventura respondeu que “o programa não foi nada alterado, está a ser posto num novo formato digital”. Sobre o facto de o IVA das touradas subir para a taxa máxima, medida que consta no Orçamento do Estado para o próximo ano, o deputado único criticou o aumento, mas confessou que não é fã deste espetáculo porque “gosta de animais”. “Mas não confundo isso com as tradições”, apontou, acrescentando que estará “totalmente contra esta tentativa encapotada de acabar com as touradas”.