Um homem ameaçou bater numa médica no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, que pediu auxílio ao marido, também ele profissional de saúde. O casal diz que acabou sequestrado dentro do gabinete e foi agredido com uma mesa e cadeiras. No entanto, as versões do que se passou não coincidem. O Centro Hospitalar de Setúbal, contactado pelo Observador, admitiu em comunicado o incidente, mas sem agressões, enquanto o doente se queixou de ter sido empurrado e a PSP referiu ter forçado a entrada no gabinete.

Segundo avançou na manhã desta sexta-feira o Jornal de Notícias, o homem terá esperado cerca de quatro horas nas urgências do hospital até ser atendido e expressou o desagrado diretamente com os médicos. O diário avançava que um agente da PSP tinha arrombado a porta do consultório para que as agressões cessassem.

A PSP de Setúbal confirmou à Lusa que foi chamada a intervir por um vigilante do Hospital São Bernardo e adiantou que o agente policial teve de partir o vidro da porta para conseguir entrar no gabinete médico, que se encontrava fechado, e “separar os intervenientes”, dois médicos e um utente.

De acordo com o departamento de Relações Públicas do Comando Distrital de Setúbal da PSP, foram recolhidos depoimentos contraditórios dos intervenientes, pelo que, naquele momento, não foi possível determinar quem terá fechado a porta do gabinete médico ou se terá havido agressões. Segundo outra fonte policial, o utente ter-se-á mostrado agastado com a demora no atendimento, porque a médica em causa terá estado algum tempo ao telefone. A médica, apercebendo-se do descontentamento do paciente, terá pedido o apoio de outro médico de serviço.

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O utente queixou-se de que este clínico fechou a porta do gabinete e o empurrou, fazendo-o cair ao chão, mas esta versão foi negada pelo médico, que alegou ter apenas afastado o doente por o seu comportamento indicar que iria agredir a colega. A PSP recolheu os testemunhos contraditórios das partes e remeteu o caso para o Ministério Público.

Os médicos foram sequestrados a 31 de dezembro, o mesmo dia em que um clínico do Centro de Saúde de Moscavide foi vítima de violência por parte de um jovem que pretendia conseguir renovação de baixa médica. Foi o segundo incidente deste género neste hospital — no dia 27 de dezembro, outra médica foi agredida e teve que ser submetida a intervenção cirúrgica — e o terceira no país no período de uma semana.

Em declarações à Rádio Observador, Dalila Veiga, do gabinete de apoio aos profissionais vítimas de violência da Ordem dos Médicos, afirmou que as queixas de violência contra médicos ocorrem principalmente no serviço de urgência devido aos “períodos de espera excessivos” que, muitas vezes provocam “irritação nos utentes”. A representante apelou ainda a que o Ministério da Saúde e o Ministério Público arranjem uma forma de minimizar a degradação da prestação de cuidados urgentes.

As notícias das 9h

(notícia atualizada às 13h42 com o comunicado do hospital e declarações da PSP)