Peter Kirstein, o cientista britânico que ajudou a construir a internet moderna e que permitiu à Rainha Isabel II enviar o seu primeiro e-mail, morreu esta quarta-feira aos 86 anos. Kirstein morreu na sua casa em Londres, vítima de um tumor cerebral, segundo explicou a sua filha, Sara Lynn Black, citada pelo The New York Times.

O britânico é reconhecido como tendo tido um papel central na chegada da internet à Europa a partir dos EUA, onde surgiu, depois de em 1982 ter decido implementar no seu laboratório londrino os mesmos protocolos utilizados por colegas académicos americanos que trabalhavam na área das redes de computadores.

Kirstein introduziu no seu laboratório de Londres os padrões TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol), resistindo a outros padrões que surgiam na mesma altura. Estes, que viriam a tornar-se nos protocolos universais para a rede, permitem a vários computadores que partilhem informação uns com os outros.

Por causa disso, é hoje considerado por muitos como um dos pioneiros da internet na Europa, tendo acelerado a transição da rede dos EUA para o continente europeu. Na década de 70, para celebrar os avanços que estavam a ser feitos na área das redes de computadores, desafiou a Rainha Isabel II a enviar uma mensagem entre dois computadores ligados em rede.

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Foi em 1976, na inauguração de uma instalação de telecomunicações em Malvern, no Reino Unido, que a Rainha Isabel II enviou o seu primeiro e-mail, tornando-se numa das primeiras chefes de Estado do mundo a utilizar esta tecnologia ainda em desenvolvimento.

Nascido em 1933 em Berlim, numa família judia, mudou-se com os pais para Londres em 1937. Dez anos depois, os pais decidiram alterar o apelido de Kirschstein para Kirstein, quando o pai de Peter obteve cidadania britânica.

Kirstein estudou matemática na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e mudou-se para a Califórnia na década de 50 para fazer um doutoramento na Universidade de Stanford. Foi aí que travou conhecimento com muitos dos académicos que estavam na altura a desenvolver os inícios do que viria a ser a internet moderna, ainda apenas em território norte-americano.

Peter Kirstein recebeu apoios do Pentágono para utilizar os protocolos norte-americanos e para os levar para a Europa — e o seu laboratório em Londres acabaria por se tornar uma das primeiras conexões internacionais da rede informática.