Há clientes que nunca estão satisfeitos e com alguma razão. A Aston Martin concebeu e está em vias de começar a entregar aos clientes que o encomendaram (e pagaram) o novíssimo Valkyrie, o hiperdesportivo com 1176 cv, extraídos de um 6.5 V12 atmosférico (com 1014 cv), associado a um motor eléctrico do sistema KERS (com 162 cv), similar ao que equipa os Fórmula 1. Entretanto, abriu o período de personalização dos Valkyrie, que podem ser “normais”, conseguindo um tempo por volta em circuito similar a 75% de um F1 (ou seja, apenas 25% mais lento), propondo ainda uma versão normal com o Track Mode (capaz de rodar a 97% do tempo de um F1), para depois a versão de competição atingir 105% de um F1.
Mas se estes tempos por volta são impressionantes, então o que dizer das conclusões retiradas pelos responsáveis da Aston Martin, quando começaram a ver chegar as especificações das encomendas. Além das cores da carroçaria, revestimento dos interiores, desenho das jantes e largura dos pneus, os clientes debruçaram-se sobre o motor 6.5 V12 atmosférico, de longe a peça mais cara de um veículo, que é comercializado por 2,85 milhões de euros, antes de impostos. O que, em Portugal, significa um incremento de quase 50%.
Para espanto dos responsáveis pela marca britânica, os clientes começaram a colocar encomendas em que pagavam um Valkyrie, mas depois em vez de uma pintura espectacular ou de um interior todo feito à mão, optavam por encomendar (e pagar) um novo motor 6.5 V12 produzido pela Cosworth para a Aston Martin. Tudo porque estão convencidos que, em breve, vão desaparecer os motores de combustão, bem como as empresas que os fabricam, pelo que é necessário ter um V12 lá ao canto da garagem, para montar no Valkyrie quando o primeiro entregar a alma ao criador.
E se esta preocupação com o futuro impressionou os responsáveis pela marca inglesa, houve clientes que foram ainda mais longe e, em vez de um Valkyrie a que adicionaram um segundo V12, optaram por um hiperdesportivo e dois motores V12 sobressalentes. Isto fez disparar ainda mais os alarmes junto dos britânicos, o que poderia colocar em causa a ideia de robustez e longevidade que o público possa ter em relação ao Valkyrie, em particular, e aos veículos da Aston Martin em geral.
Contudo, o motivo que levou à encomenda de dois motores por alguns dos clientes teve uma origem muito mais inocente, apesar de igualmente dispendiosa. Tudo porque os compradores do Valkyrie acharam que o exuberante 6.5 V12, além de belo, de longe o melhor motor atmosférico jamais construído para carros de estrada, dará uma excelente base para uma mesa da sala. E, um belo dia, quando o motor do carro se partir, podem sempre redecorar a casa. Isto consciente que um motor partido, com um buraco no bloco feito por alguma biela tresloucada, serve tão bem para suportar uma mesa como um motor novo a estrear.