O Sporting tinha pouca ou nenhuma capacidade de criar jogo ofensivo, a única tentativa à baliza tinha saído de uma meia distância de Bruno Fernandes por cima da trave de Matheus, mas um mau passe de Ricardo Horta em zona proibida deu a oportunidade a Rafael Camacho de criar perigo. Depois de uma certa atrapalhação, arriscou a jogada individual, rematou rasteiro, o guarda-redes do Sp. Braga desviou para canto. Bruno Fernandes, ao lado, olhava e não queria acreditar que não recebera a bola. O extremo, meio envergonhado, pediu desculpa com os olhos e baixou a cabeça. Os leões parecem ter um chip onde tudo tem de passar pelos pés do capitão, mesmo que o capitão tenha uma noite com menos brilho como já tinha acontecido no dérbi com o Benfica.

Mathieu, o pai de família que virou a mesa de jantar e é exemplo de tudo o que corre mal (a crónica do Sp. Braga-Sporting)

Em cima do intervalo, o médio “inventou” o golo do empate com um livre marcado de forma rápida que viu a diagonal de um Mathieu isolado na área para rematar sem hipóteses para Matheus. E a entrada na segunda parte até foi melhor do que o adversário. Depois, Bolasie foi expulso, o Sporting ficou reduzido a dez, Silas abdicou de Luiz Phellype em detrimento do central Neto, guardou a última substituição para lançar o guarda-redes Renan para as grandes penalidades e deixou Camacho e Bruno Fernandes perdidos mais na frente. O pior estava para vir.

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No minuto final antes dos descontos, Paulinho, de cabeça, fez o 2-1 que praticamente garantia a vitória minhota na meia-final da Taça da Liga. Bruno Fernandes, no seu meio-campo, deitou-se no chão e ficou a olhar para o céu, numa imagem de quem percebia a via sem inversão de marcha que o resultado levava. Na compensação, Mathieu teve uma entrada despropositada sobre Ricardo Esgaio, viu vermelho e gerou-se uma confusão entre jogadores e bancos que obrigou até à entrada de assistentes de recinto em campo e que motivou mais expulsões de suplentes, neste caso Borja e Eduardo. O capitão leonino, no meio do amontoado de pessoas, saiu dessa zona para ir ter com a polícia e reclamar a falta de intervenção, quer na confusão, quer na saída de Mathieu para o túnel.

O Sporting perderia mesmo o encontro, ficando assim impossibilitado de defender o título ganho nas últimas duas temporadas. Com o ambiente mais sereno, Acuña cumprimentou adversários e árbitros, Battaglia ficou à conversa com Raúl Silva e Matheus, Coates comandou os jogadores verde e brancos no cumprimento aos adeptos que ainda estavam no Municipal de Braga. Bruno Fernandes, esse, encaminhou-se frustrado para o túnel de acesso aos balneários e, no caminho, baixou ainda de forma ligeira uma câmara de TV que estava apontada a si. Em janeiro, os leões têm apenas a Liga Europa para disputar – com as probabilidades de triunfo conhecidas.

Até maio, este Sporting só pode perder mais três vezes para evitar a pior temporada de sempre do clube

Olhando apenas para uma vertente desportiva, e tendo em conta a falta de objetivos daqui para a frente, este podia ser um momento ainda mais propício para a saída de Alvalade mas aquilo que parecia uma transferência quase inevitável tornou-se numa incógnita cada vez maior nos últimos dias. E tudo porque, além da falta de acordo entre clubes sobre a verba fixa e variável a pagar, bem como a forma de pagamento (o Sporting pede um pouco mais de 60 milhões mais dez de variáveis depois de ter ficado gorada a possibilidade de haver atletas no negócio, o Manchester United apresentou como única oferta formal 50 milhões mais dez de variáveis), existem problemas que envolvem também os agentes que medeiam as conversações, neste caso Pedro Pinho e Jorge Mendes. Ainda assim, em Inglaterra fala-se na possibilidade de haver aproximação por cedências dos leões, neste caso de receber um valor fixo de 55 milhões e não 60 milhões nem os 70 milhões que Frederico Varandas pedia no verão.

De acrescentar que nenhum dos elementos do Sporting marcou presença no habitual espaço de entrevistas rápidas, falando depois o treinador Silas na conferência de imprensa e o team manager Beto na zona mista. “Apanhei um balneário destroçado e revoltado com o que aconteceu na segunda parte. É muito fácil neste momento expulsar um jogador do Sporting. Ambos escorregaram e por isso o choque é inevitável. É uma vergonha o VAR expulsar o Bolasie mas como disse é cada vez mais fácil expulsar jogadores do Sporting”, disse o ex-capitão.