“Não recebemos informação sobre este assunto por parte das autoridades suíças. Não existe qualquer prova de espionagem”, declarou Stanislas Smirnov, do gabinete de imprensa da embaixada da Rússia, em Berna, citado pela agência noticiosa Reuters, quando confrontado com a reportagem do jornal Tages-Anzeiger, onde se lê que dois homens russos foram identificados pela Polícia, em agosto do ano passado, no resort de esqui que recebe o congresso do Fórum Económico Mundial (WEF) e onde se reúnem, esta semana, as elites empresariais e políticas de todo o Mundo.

“Não excluo tratar-se de pessoas com passaporte diplomático russo. Não devem é estar necessariamente acreditadas na Suíça”, acrescentou Smirnov.

Tratou-se de um controlo policial de rotina. “Os dois homens tinham passaportes diplomáticos mas não estavam oficialmente acreditados como diplomatas na Suíça”, indicou à Reuters um porta-voz da polícia do cantão de Grisons, região onde se encontra a estação de esqui de Davos. Ainda de acordo com os media suíços, os dois homens eram suspeitos de estarem a efetuar trabalhos preparatórios para uma operação durante a edição 2020 do WEF, e que se iniciou hoje na presença do Presidente dos EUA, Donald Trump.

O jornal Tages Anzeiger referiu também que “pelo menos um dos dois homens declarou ser um canalizador” e previam permanecer em Davos entre 8 e 28 de agosto, suscitando a curiosidade dos polícias.

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A Polícia do cantão suíço de Grisões revelou que os dois homens foram submetidos a uma verificação de identidade em Davos, em agosto de 2019, mas nenhuma ligação foi estabelecida entre a visita e o WEF. As autoridades foram alertadas devido à “pouco habitual estadia longa” de duas pessoas no ‘resort’ de luxo. Sobre o facto de um dos dois homens se ter declarado canalizador, o responsável russo considerou tratar-se “de uma piada estúpida”.

Os dois suspeitos acabaram por ser libertados. Em Berna, o Serviço de Informações da Confederação indicou que não se pronuncia sobre “casos particulares nem atividades operacionais”. E o procurador-geral escusou-se a abrir um inquérito.

Pelo contrário, em outubro de 2018, a Suíça desencadeou um processo penal contra dois cidadãos russos, suspeitos de espionagem em território helvético dirigido à Agência mundial antidopagem (AMA) e do laboratório de Spiez, que trabalhava designadamente para a Organização para a proibição das armas químicas (OIAC).

Segundo os media, os russos envolvidos neste processo eram seguramente dois membros do GRU, o serviço de informações militares russo, detidos na Holanda no início de 2018 por suspeitas de furto no laboratório suíço de Spiez, então associado à investigação sobre a tentativa de envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal.