O mundo não esperava nada menos do que uma grande festa para assinalar a despedida de Jean Paul Gaultier da alta-costura. Afinal, falamos do homem que marcou os anos 90 e que tornou peças como o cone bra em ícones culturais impossíveis de apagar dos anais do século XX. Depois de ter anunciado a sua retirada, na última sexta-feira, o criador francês de 67 anos (e com cinco décadas de carreira) não defraudou expectativas.
Naquele que foi o seu 50º desfile de alta-costura, esta quarta-feira à noite, encheu o Théâtre du Châtelet com algumas das mais relevantes personalidades do mundo da moda, de Anna Wintour e Suzy Menkes a Pierre Cardin (com quem Gaultier deu os primeiros passos na moda) e Christian Louboutin (que assinou parte dos sapatos), passando pela ex-manequim e antiga primeira-dama francesa Carla Bruni e por Eva Herzigova.
O ambiente não foi o de um desfile convencional, embora em cima da passerelle Gaultier tenha apresentado cerca de 250 coordenados, intervalados com momentos de dança, música e performance. Amanda Lear, Rossy de Palma e Boy George abrilhantaram o alinhamento. O cantor britânico foi o responsável pelo início, mas também pelo final apoteótico do espetáculo. Com um caixão aberto por Karlie Kloss e de onde saiu a primeira modelo, ao som “Back to Black” de Amy Winehouse, arrancou a celebração que durou quase uma hora.
a model exiting a coffin for the opening of jean paul gaultier's final couture show today pic.twitter.com/V0SmfnB9Eu
— ꪑꫀꪀᦔꫀꪶ (@gaultiercouture) January 22, 2020
No que toca a manequins, um encontro de gerações com musas de longa data do mestre francês — entre elas, Coco Rocha (responsável por um dos números de dança da noite), Irina Shayk, Dita Von Teese, Erin O’Connor, Anna Cleveland, Joan Smalls, Farida Khelfa, Karlie Kloss, Karen Elson e Cindy Bruna — a desfilarem ao lado de novos rostos da moda, como as irmãs Hadid, Tess McMillan, Winnie Harlow e Paris Jackson.
Jean Paul Gaultier aproveitou a noite para celebrar a sua própria história. Seios em bico, blazers e camisas coladas pregados sobre vestidos, bustiers, folies bergère, marinheiros, silhuetas dramáticas e um streetwear de atelier fizeram do desfile uma viagem no tempo, onde as peças e os pormenores datados foram mais do que bem-vindos.
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O final teve tanto tanto de épico como de emotivo. Na escadaria montada no palco, a equipa do designer juntou-se aos manequins (o casting também incluiu homens). Boy George voltou para a derradeira celebração. Jean Paul Gaultier agradeceu, foi erguido no ar, enquanto a plateia o aplaudiu fervorosamente. No centro do palco, houve lágrimas e gritos de alegria.
O designer francês despediu-se assim da alta-costura, depois de há cinco anos ter abdicado também das coleções de pronto-a-vestir. Com uma perfumaria lucrativa, nas mãos do grupo Puig, resta saber se a história do nome Jean Paul Gaultier continuará a ser escrita no mundo da moda.
Last fashion couture collections for jean Paul gaultier #jpgFreaking50 celebrating of his 50years of good work ????????????????????????????????
Au revoir Monsieur @jpgaultierofficial , merci pour tout.
VIVE LA MODE #JPGFREAKING50 ???????????? pic.twitter.com/lCwR2lfi2O— stylistbyhanan (@stylistbyhanan) January 23, 2020
Na fotogaleria, veja as imagens dos momentos que marcaram o último desfile de alta-costura de Jean Paul Gaultier.