O Observador entrevistou os principais candidatos à liderança do CDS numa ‘mini’-entrevista — é um formato em vídeo em que a entrevista tem o tempo que demora a beber uma ‘mini’.

Francisco Rodrigues dos Santos, ex-Chicão, explica porque já não quer que o chamem assim porque foi um nome atribuído num grupo íntimo de amigos e atualmente é utilizado para o menorizar politicamente: “Todos os políticos em Portugal são tratados pelo nome, menos eu. Por isso, chamem-me Francisco“. Na ‘mini’ entrevista no bar da Assembleia Municipal, onde é deputado, o candidato à liderança do CDS nega ter ligações ao Opus Dei — organização a que é associado nos bastidores do partido  (“é rigorosamente mentira“) — acrescenta que só pertence à Juventude Popular, ao CDS e ao Sporting e diz que a sua campanha é financiada apenas com a “solidariedade” de apoiantes.

Francisco Rodrigues dos Santos referia em 2016, numa entrevista ao jornal i, que o aborto devia ser “criminalizado” e que se devia “regressar ao modelo anterior“. Além disso, defendia ainda um referendo. Já nesta ‘mini’-entrevista, quando questionado sobre alterações legislativas para voltar às regras anteriores à despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, o candidato diz que quer apenas criar condições para que o Estado “apoie as famílias e as mães em particular que estão numa situação de dificuldade e de emergência” para que estas não tomem a decisão de abortar. Após insistência sobre se admite uma alteração legislativa para reverter a lei do aborto para o que existia antes da despenalização, Francisco Rodrigues dos Santos respondeu: “Não estamos a propor isso na nossa moção“.

Mesmo tendo sido número dois pelo círculo do Porto nas últimas legislativas, Francisco Rodrigues dos Santos nega ter tido qualquer responsabilidade no mau resultado das eleições.”Todos sabemos que o resultado das legislativas é produto da popularidade de uma liderança nacional do partido“, atirou, responsabilizando exclusivamente a direção de Cristas — da qual repete que só fazia parte por “inerência”. Questionado sobre se podia ter feito mais no Porto, Rodrigues dos Santos insiste: “Não. O distrito do Porto é aquele em que tenho mais delegados ao congresso, o que demonstra que o trabalho que lá fiz foi apreciado, acarinhado.”

‘Chicão’, como é tratado a contra-gosto no panorama político, diz ainda que não o “choca que o Estado coloque uma chancela que una duas pessoas do mesmo sexo”, mas “preferia que fosse aplicado outro instituto que não o casamento, que antecede o Estado, que tem uma origem no direito canónico”. Ou seja: no entender do candidato, o casamento entre pessoas do mesmo sexo deveria ter outra designação.

Na ‘mini’-entrevista, Francisco Rodrigues dos Santos recusa ainda o regresso do antigo líder Paulo Portas, que considera que “encerrou um ciclo”. Por outro lado, quando questionado sobre se Manuel Monteiro deveria ser refiliado, não tem dúvidas: “Claro”. Com o pin do Colégio Militar na lapela, o candidato do CDS disse ser contra o regresso do serviço militar obrigatório: “Tem de ser uma vocação, não uma obrigação”.

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