É um regresso envergonhado, mas, ainda assim, um regresso. António José Seguro, o ex-secretário-geral do PS que tem estado remetido à universidade e afastado da política desde que António Costa o derrotou em primárias, é um dos membros fundadores de uma nova plataforma de intervenção cívica sobre a Europa, que vai ser lançada e apresentada esta terça-feira ao Presidente da República. Chama-se “Nossa Europa” e, segundo explica o promotor da iniciativa Carlos Coelho ao Observador, trata-se de um projeto “interpartidário” de “natureza pedagógica” que pretende impulsionar o envolvimento dos cidadãos no projeto europeu.

“Lá fora é muito comum haver projetos que juntam cidadãos e políticos de todos os partidos, mas em Portugal não é muito comum porque temos a mania das quintas”, afirma o ex-eurodeputado, explicando que o projeto começou com “conversas entre amigos”, que se dividiam entre fazer algo do lado da sociedade civil ou do lado da política. “Alguns diziam que se envolvesse políticos era suspeito, então decidimos que devíamos fazer uma coisa interpartidária”, explica.

É aí que surgem diversos nomes da política, da esquerda à direita. Segundo a nota de imprensa, a plataforma tem como fundadores nomes como Carlos Coelho (PSD), Miguel Poiares Maduro (PSD), António José Seguro (PS), Luís Pedro Mota Soares (CDS), Marisa Matias (BE), Maria Manuel Leitão Marques (PS), Paulo Sande (Aliança), Rui Tavares (Livre) ou Zita Seabra (que nas últimas legislativas foi mandatária do Iniciativa Liberal), entre outros. Além das figuras ligadas à política, há ainda outros nomes ligados às universidades ou a movimentos cívicos, como Leonor Beleza, Nuno Severiano Teixeira, Luís Marques Mendes, Raquel Vaz Pinto ou Carlos Moedas.

Questionado sobre o tímido regresso à vida política de António José Seguro, Carlos Coelho afirma que se trata mais de um envolvimento na “cidadania ativa” do que propriamente na “política ativa”. O Observador tentou contactar o ex-líder do PS, mas sem sucesso. Seguro não estará na apresentação formal da plataforma ao Presidente da República, mas deverá estar presente na Assembleia Geral que dará posse aos novos órgãos do movimento, que se realiza a seguir ao encontro com o Presidente da República.

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“O que junta estas pessoas é a consciência de que é preciso mais literacia sobre o projeto europeu para criar condições para que haja mais participação”, diz ainda o ex-eurodeputado social-democrata ao Observador. Na página que já foi disponibilizada na internet lê-se ainda que o objetivo é incentivar a cidadania, numa perspetiva pedagógica, sendo que cidadania inclui mais informação, opinião, participação e intervenção.

Só com pessoas informadas é possível construir uma verdadeira cidadania activa. Precisamos de informação séria e rigorosa, que se oponha à manipulação, aos factos alternativos e às Fake News (…) Não basta estar bem informado e ter opinião. Cidadania exige participação. Fazer ouvir a nossa posição e contribuir para a comunidade onde estamos inseridos”, lê-se na página da plataforma.

Na audiência com Marcelo deverão estar, além de Carlos Coelho, Leonor Beleza, Luís Pedro Mota Soares, Nuno Severiano Teixeira, Rui Marques, Rebeca Abecassis ou Zita Seabra. Mas, apesar do caráter “interpartidário”, os mentores do projeto deixam uma nota: “A Nossa Europa não é um partido político, nem quer substituir-se à ação destes. Antes pretende incentivar a participação cívica e colaborar com cidadãos que têm participação na política, nos sindicatos e nas organizações da sociedade civil”, lê-se no site.