Pela primeira vez de visita à obra do Terminal Intermodal de Campanhã (TIC), apesar de “ter passado ali perto muitas vezes”, Rui Moreira mostrou-se agridoce acerca dos projetos que tem para a zona oriental da cidade do Porto. Campanhã tem uma obra a andar e outra “de molho político”.

Por um lado, tudo parece correr bem e dentro dos prazos previstos com a obra anunciada exatamente há 18 anos “como prioridade” para Campanhã, a do Terminal Intermodal. Mas porque os números são “curiosos”, adjetiva Rui Moreira, também “faz hoje 365 dias do momento em que a Câmara do Porto apresentou recurso ao Tribunal de Contas”, depois de rejeitado o projeto de reabilitação e exploração do antigo Matadouro Municipal, situado também em Campanhã.

Matadouro. Como o Tribunal de Contas arrasou o projeto de Rui Moreira que apaixonou Marcelo

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Rui Moreira diz-se “muito preocupado” com a falta de resposta – sim ou não – do Tribunal de Contas (TdC) e acusa-o de manter a decisão “em molho político”, atrasando um dos dois “projetos âncora” que pensou para a zona oriental da cidade.

Eu recordo que na altura o Tribunal de Contas, depois de ter andado seis meses para trás e para a frente a fazer perguntas, subitamente comunicou-nos que rejeitava o nosso pedido. Deu-nos dez dias corridos. Conseguimos recorrer. E agora há 365 dias que o Tribunal de Contas faz veto de gaveta, sem prazo. Nós podemos estar 18 anos à espera que o Tribunal de contas nos explique o porquê da cativação”, disse Rui Moreira aos jornalistas, durante uma visita à obra do projeto do Terminal Intermodal de Campanhã.

Há uma ano que não existe “qualquer contacto” do Tribunal de Contas, garante. O presidente da Câmara do Porto lembrou aos jornalistas que após uma declaração pública que fez com Fernando Medina, Presidente da Câmara de Lisboa, “com um problema semelhante”, o TdC apenas fez saber “que estava a tratar, no seu tempo”. Só que o seu tempo não se conforma com o tempo da democracia”, acusa o munícipe. “Nós somos eleitos para mandatos de quatro anos”, sublinha.

Matadouro de Campanhã no Porto aguarda deste fevereiro decisão do TdC sobre recurso

“Não podendo dizer que os senhores não são competentes, porque correria o risco de ter um processo crime e não quer tê-lo”, assume Rui Moreira, “há uma coisa que me parece óbvia: hão de explicar-me se isto não é um veto político”, acusa.

Uma “alternativa B” e “até uma C” já estão a ser estudadas por Rui Moreira, apesar de não avançar ainda com mais pormenores.

Ainda assim, explica que não poderá avançar com nenhuma até que haja uma resposta – neste caso, um chumbo – do TdC, “porque isso colocaria a Câmara do Porto em risco de ter de pagar uma indemnização à empresa que ganhou um concurso público internacional e que tem os seus direitos”.

O impasse contrasta com o “andamento” do TIC, finalizado em junho de 2021

Com um valor de investimento de mais de 13 milhões de euros, o Terminal Intermodal de Campanhã é atualmente a maior obra pública em curso no país, com término previsto para junho de 2021.

As obras no Terminal Intermodal de Campanhã arrancaram no dia 23 de setembro de 2019 e vão terminal no tempo previsto: junho de 2021.

De acordo com o município, a nova plataforma intermodal terá uma área bruta total de construção de cerca de 24 mil metros quadrados e irá integrar áreas utilitárias – parque de estacionamento, estação de serviço, paragens kiss & ride [uma área de paragem de curta duração, úteis em áreas com um grande fluxo automóvel para tomada ou largada de passageiros], parque de bicicletas e parque de táxis – bem como áreas complementares de apoio ao público, áreas administrativas e áreas técnicas essenciais.

Será um ponto de encontro entre os autocarros da STCP e dos operadores privados, comboios urbanos e de longo curso, metro e táxis, aproveitando a localização que possui através das acessibilidades rodoviárias como a Via de Cintura Interna (VCI) e das autoestradas circundantes (A1, A3, A4 e A43).

Da autoria do arquiteto Nuno Brandão Costa, o projeto inclui também a “construção” de um parque natural que será um “elemento agregador de toda a envolvente urbana”.

Rui Moreira destacou a importância da “ligação” que a obra fará “entre duas partes da cidade cortadas pela linha férrea” e a criação de um “parque urbano muito interessante para esta zona muito degradada da cidade”.