Os deputados do PSD já não podem falar à imprensa sem autorização da assessoria de imprensa. O líder do PSD e da bancada social-democrata, Rui Rio, enviou esta sexta-feira à tarde uma diretiva interna aos deputados a informar que, a partir de agora, “os contactos com a comunicação social deverão ser sempre efetuados de forma articulada através da assessoria de imprensa“. O documento, ao qual o Observador teve acesso e que foi já noticiado pela Visão, diz que a indicação seguiu para os deputados “no âmbito da restruturação” que está a ser feita no grupo parlamentar e que tem como objetivo “otimizar o trabalho desenvolvido nas diversas área de atuação”. Vários deputados ouvidos pelo Observador estão indignados, consideram “inédito” e “inaceitável” e não querem falar em “on” para não piorar o “clima” que se vive na bancada.

Um deputado ouvido pelo Observador diz que esta é uma diretiva “inédita” e acrescenta indignado: “E o que fazer quando os jornalistas me ligam a dizer que não conseguem falar com a Florbela (diretora de comunicação do PSD)? É que é isso que acontece quase todos os dias. O que é que eu faço?”. Outro deputado reclama: “É inaceitável. Era o que faltava, eu, eleito pelo povo, ter que pedir autorização à Florbela. Prometi lealdade a Rui Rio não foi a uma pessoa que nem militante do PSD é”. O email chegou esta sexta-feira às 14h43 às caixas de correio eletrónico dos deputados. Um deles mostrou-se preocupado mais com a forma do que com o conteúdo, dizendo que “se isto fosse informalmente comunicado, ninguém levaria a mal”.

A circular interna enviada por Rui Rio aos deputados do grupo parlamentar

Na última reunião de bancada, a 13 de fevereiro, Rui Rio tinha anunciado que ia ficar como líder parlamentar mais uns tempos para fazer uma reestruturação interna. Horas depois, na São Caetano à Lapa, explicou que ia “prolongar um bocadinho mais [o tempo como líder parlamentar], porque há tarefas” que se predispôs a fazer. Desde logo, queria terminar um “regulamento interno” e operar um “saneamento financeiro” acompanhado de “reorganização a nível administrativo, de recursos humanos”. Rio lembrava ainda que é “gestor” de profissão e não quer “sair sem essa questão resolvida” e antecipava que iria reformular o “gabinete de comunicação” no Parlamento.

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Ali, como explica Rio na circular interna, estará sempre agora uma “equipa de comunicação em permanência nas instalações da Assembleia da República, que inclui uma assessora de imprensa, um fotógrafo e um repórter de imagem/vídeo”. Estes elementos, continua a explicar o presidente, vão atuar em “articulação com os demais serviços de assessoria do Grupo Parlamentar, no sentido da otimização da qualidade, da eficácia e da expansão da nossa mensagem”. Esta equipa alargada, explica o mesmo documento, será “coordenada pela Dra. Florbela Guedes“, que irá trabalhar “diretamente com a direção do Grupo Parlamentar, coordenadores e restantes deputados, tendo em vista a produção de conteúdos noticiosos relacionados com toda a atividade parlamentar”.

Rui Rio classifica ainda esta nova organização como “lógica“, mas avisa que é “ambiciosa” e que o seu “êxito depende, em larga medida, da capacidade de todos, seja ao nível político como ao nível técnico”.

O Observador questionou esta tarde o gabinete de comunicação de Rui Rio, mas ainda não obteve resposta.