Um milhão de portugueses infetados com coronavírus, 12 a 14 semanas de intenso contágio e cerca 20% desses casos serem considerados graves: é este o pior cenário possível previsto por Graça Freitas, a diretora-geral de Saúde, que a própria apresenta numa entrevista dada à edição deste sábado do jornal Expresso. Já depois da uma da manhã de sábado, porém, Graça Freitas foi citada pelo Público num “esclarecimento” onde garante que a DGS está a trabalhar com um cenário de 21 mil infetados pelo coronavírus na semana mais crítica: “é como a gripe”.

A diretora-geral de Saúde deu mais explicações na conferência de imprensa que começou depois das 9h30. Leia aqui.

https://observador.pt/2020/02/29/um-milhao-de-infetados-pelo-coronavirus-a-entrevista-o-esclarecimento-e-a-conferencia-de-imprensa-dentro-de-momentos/

Num momento em que se sucedem os casos suspeitos de infeção com coronavírus em Portugal, Graça Freitas não escondeu na entrevista ao Expresso que é só uma questão de tempo até serem detetados os primeiros casos em solo nacional. Graça Freitas baseia-se no mesmo modelo matemático/estatístico utilizado em 2009 a propósito da pandemia da gripe para justificar estes números e para dizer também que nesse “pior cenário possível” espera-se uma taxa de mortalidade entre os 2,3% e 2,4%. De forma resumida, estima que “no cenário mais plausível prevemos cerca de 21 mil casos na semana mais crítica, dos quais 19 mil ligeiros — não é muito, é como a gripe — e 1700 graves, que terão de ser internados, nem todos em cuidados intensivos.” E quando essa altura chegar, garante, “haverá camas em todos os hospitais”.

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As quarentenas e outras medidas de contenção têm sido um dos temas a levantar mais questões e sobre isso a diretora-geral de Saúde diz que “as autoridades fazem um trabalho de detetive” que permite, num caso em que alguém é suspeito de estar infetado, perceber quantas e quais pessoas devem ser testadas e isoladas. Para perceber isso, explica, “a história clínica é muito importante” — ou seja, se o suspeito espirrou ou tossiu em áreas de grande contacto humano como elevadores, por exemplo.

A diretora-geral de Saúde continua a afirmar que casos suspeitos ou negativos que venham de países de risco poderão seguir com a sua vida normal, “fazendo vigilância e evitando a socialização excessiva dentro e fora de casa”. Como se pode ajudar a combater possíveis infeções? “Lavar 20 segundos os dedos, o espaço entre eles, o dorso e a palma da mão até ao punho”, já que em média “as nossas mãos vão 23 vezes por dia ao nariz e à boca, por onde saem secreções, e são um veículo de transmissão das gotículas, que passam pelo espirro e pela tosse quando se está a menos de um metro de distância”.

Sobre o período de contenção que Portugal atravessa e o seu possível fim, Graça Freitas diz que vai-se manter pelo menos “enquanto conseguirmos ter casos predominantemente importados que originem apenas algumas cadeias secundárias”. O assunto só mudará de tom quando se perceber que “os casos deixam de ter ligação a outro país” e as cadeias de infeção passem a ser internas. Nesse momento, perceberemos “que o vírus se instalou”.

Graça Freitas afirma ainda que a quarentena obrigatória em alguns casos será “possível”, que existe “uma reserva estratégica de medicamentos essenciais” e que, apesar de tudo, um dos principais problemas está nas “notícias falsas e redes sociais”. “O maior medo que tenho é do comportamento humano, de informações virais que podem ser contraproducentes”, diz.

O esclarecimento depois das 1h da manhã

Mais tarde, quando o relógio já tinha passado das 1h da manhã (de sábado), depois de ser conhecida a notícia do Expresso, a directora-geral da Saúde esclareceu, ao jornal Público, que quando falou de um cenário de um milhão de possíveis infetados, o pior com que estão a trabalhar, estava a referir-se a todo o período da epidemia, que pode prolongar-se por vários meses ou um ano.

O cenário mais provável em cima da mesa, calculado com modelo matemático, aponta para “cerca de 21 mil casos na semana mais crítica, dos quais 19 mil ligeiros”, afirmou. Destes, 1700 poderão ser casos graves “que terão de ser internados, nem todos em cuidados intensivos” e “nessa fase haverá camas em todos os hospitais”. “Não é muito, é como a gripe”.

No esclarecimento, Graça Freitas explicou que quando falou em um milhão de infetados “isso não é algo que acontecerá no imediato. Não serão apenas semanas, mas sim vários meses, será uma taxa de ataque diluída ao longo do tempo”, sublinhou.

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Explicador Coronavírus: quem deve usar máscara?