Quinhentos milhões de dólares (cerca de 449 milhões de euros). É este o valor que o coronavírus já custou à indústria do eventos de tecnologia, revela o Recode, citando um estudo do PredictHQ. Todos os anos, empresas tecnológicas como o Facebook ou a Google têm eventos próprios e utilizam conferências para apresentar novidades. Este ano, com os receios em torno da nova estirpe do coronavírus, o cenário mudou. Deste valor, a maior fatia (480 milhões de dólares), é consequência do cancelamento do Mobile World Congress (MWC), o maior evento de smartphones do mundo que deveria ter-se realizado em Barcelona no fim de fevereiro.
Maior evento de smartphones do mundo cancelado devido ao coronavírus
Os valores revelados são referentes às perdas que as companhias aéreas e outras empresas de transportes, hotéis, e restaurantes já tiveram devido aos cancelamentos e adiamentos de eventos. Ou seja, numa indústria — eventos tecnológicos — avaliada pela empresa de análise de dados Oxford Economics em mais de um bilião de dólares (trillion, em inglês), estes números podem ser maiores.
Mesmo assim, as perdas já contabilizadas não são pequenas para cada empresa. O Facebook cancelou o Global Marketing Summit, um evento dedicado às novidades do produto que mais dinheiro dá à empresa criada por Mark Zuckerberg, a publicidade, e o F8, o seu maior evento anual. Com o primeiro, que devia acontecer em fevereiro, estima-se que os custos diretos tenham sido de 19,4 milhões de dólares. Já com o F8, mesmo com um cancelamento com mais antecedência — o evento estava marcado para o início de maio — é estimado que os custos ascendam a 12,2 milhões de dólares.
A Google, apenas por ter cancelado o Google I/O, a conferência anual para programadores que é o maior evento anual da empresa, teve um impacto de 19,5 milhões de dólares. O evento ia realizar-se em Sillicon Valley entre 12 e 14 de março e ia ter 5.000 mil participantes. Contudo, com o cancelamento, muitas pessoas tiveram já de mudar planos. A Google, num comunicado, afirmou que ia reembolsar todas as pessoas que já tinham comprado bilhete para o evento.
O EmTech Asia, um evento de tecnologia que devia ter-se realizado em Singapura, entre 25 e 26 de fevereiro, foi adiado. Contava receber apenas cerca de 900 pessoas. Contudo, só por ser adiado, causou prejuízos de 1,7 milhões de dólares. Já a Adobe, que, entre outros produtos, vende o software Photoshop, cancelou o Adobe Summit. Estava marcado para Las Vegas, nos dias 29 de março a 2 de abril. Apenas 500 pessoas iam marcar presença, mas o cancelamento teve um impacto de 2 milhões de dólares.
Fora destes números estão outros eventos já cancelados, como o Game Developers Conference (GDC), um evento anual dedicado a quem faz videojogos, que estava marcado para 16 a 20 de março, em São Francisco, a conferência para programadores da Huawei, que tinha data marcada para o início de fevereiro, ou o Cloud Next ’20, o evento anual da Google dedicado a serviços da empresa na nuvem (em servidores externos).
Devido ao impacto económico que os cancelamentos implicam, outros eventos, como o South By Southwest (SXSW), continuam com data agendada para 13 a 22 de março. A Huawei, inclusive, mantém a data de 26 de março para lançar em Paris o futuro smartphone P40. Mesmo a Apple, ainda não disse o que fará relativamente ao seu evento anual para programadores, que normalmente decorre no final da primavera.
No entanto, pelo menos como a organização do SXSW tem avançado, para continuar realizar eventos nesta fase, há uma estreita colaboração com as autoridades da saúde. Outras empresas, como é exemplo o caso da Google, do Facebook ou da Sony, têm mantindo as datas para fazer apresentações, mas exclusivamente pela internet para evitar perigos de contágio. Contundo, no caso do SXSW, o Recode avança que, a ser cancelado, as perdas podem ascender a 900 milhões de dólares, devido.
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Ao todo, cerca de 93 mil pessoas em todo o mundo, a maioria na China, já foram infetadas com o coronavírus e mais de 3.100 morreram.