O Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, notou uma vez mais esta segunda-feira, numa entrevista ao Direto ao Assunto da Rádio Observador, a necessidade de reforço dos equipamentos de proteção individual (EPI) dos médicos e restantes profissionais de saúde.
“A situação dos equipamentos de proteção individual neste momento é absolutamente crítica. Há duas situações críticas, uma é esta, outra será a questão da disponibilidade de ventiladores de cuidados intensivos caso a epidemia continue a ter a evolução que pode vir a ter”, afirmou Miguel Guimarães.
“Podemos ter de escolher quem vive ou quem morre”, diz Miguel Guimarães
Segundo o médico, na questão dos ventiladores a sociedade civil poderá ter um papel muito importante. Miguel Guimarães apelou à sociedade civil: “é importante que a sociedade civil se associe, há ventiladores a preços simpáticos”.
Esperando que Portugal não atinja um ponto semelhante aos vividos em Itália e Espanha (onde há regras para os doentes que têm acesso aos ventiladores, levando os médicos a selecionar as pessoas que salvam em detrimento de outras), o bastonário diz que é “fundamental reforçar amplamente a capacidade dos cuidados intensivos”.
Temos camas e conseguimos ampliar o numero de camas [de cuidados intensivos], o setor privado também tem muitas camas. É necessário ampliar o número de camas de cuidados intensivos [equipadas com todo o material necessário] para que todos os portugueses que precisem de aceder a cuidados intensivos os possam ter”, disse.
Questionado sobre a reserva de dois milhões de máscaras que o Governo diz ter, o bastonário diz que se “gastam em dois dias”: “precisamos de muitos milhões de máscaras”. Está ainda prevista a chegada de um avião, vindo da China, carregado com material de proteção individual para os profissionais de saúde que Miguel Guimarães reconhece que “pode trazer tranquilidade”.
“A chegada do avião pode trazer tranquilidade se o material for rapidamente distribuído. É um passo importante porque temos de estar continuamente a adquirir este material”, disse.
“Muitos médicos infetados, alguns em situações complicadas”
Ainda que não tenha sido preciso em relação ao número de médicos infetados com a Covid-19 neste momento, em Portugal, o bastonário diz que sabe “que há muitos médicos infetados, alguns até internados”.
“Há alguns médicos internados, com situações complicadas. Há médicos nos cuidados intensivos também. O número de pessoas que está nos Cuidados Intensivos neste momento é um número elevado e isso inclui também médicos. O vírus ataca pessoas de qualquer profissão”, afirmou o bastonário.
A única solução para tentar minorar o crescimento do número de profissionais de saúde infetados é o reforço do material de proteção: “é uma aposta essencial, o próprio ministério da Saúde já o reconheceu e está a fazer um esforço para comprar o máximo material possível”, disse Miguel Guimarães que aponta também um esquema “rotativo” para proteger os profissionais.
“Os profissionais deviam estar a fazer escalas rotativas, 15 dias a trabalhar — em turnos de 6 ou 12 horas — e depois 15 dias a descansar”, disse, notando que foi o esquema seguido em alguns países que permitiu ter profissionais a trabalhar no pico da pandemia.