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Blazer e calças de pijama, quem nunca? Um guia de estilo para os dias de isolamento

Este artigo tem mais de 4 anos

Trabalhar em casa é uma tarefa com falsas facilidades. As reuniões em vídeo exigem aprumo, a perspetiva de não ir a lado nenhum apela ao conforto. Eis o guia de estilo possível em dias de isolamento.

Falámos com um stylist e com uma maquilhadora para prever cenários, dos dias passados no sofá às reuniões à distância
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Falámos com um stylist e com uma maquilhadora para prever cenários, dos dias passados no sofá às reuniões à distância

Getty Images/iStockphoto

Falámos com um stylist e com uma maquilhadora para prever cenários, dos dias passados no sofá às reuniões à distância

Getty Images/iStockphoto

É oficial: temos mesmo de ficar em casa. E quando fronteira entre espaço de trabalho e espaço de descanso e lazer praticamente desaparece, cabe ao estabelecimento de rotinas garantir o mínimo de diferenciação. A importância de, se possível, criar uma zona exclusiva para trabalhar, de seguir horários rígidos (como se saísse para trabalhar) e de não ficar de pijama o dia inteiro já são pontos assentes.

Neste momento, estima-se que 42% dos portugueses estejam a trabalhar a partir de casa. A forma como nos vestimos e arranjamos (ou como deixamos de o fazer, simplesmente), mesmo que seja para não pôr o pé fora de casa, influencia diretamente os humores — pode proporcionar conforto, segurança, preguiça ou desalento. No limite, o que precisamos que nos seja devolvido é a normalidade e essa também passa pelo guarda-roupa.

Reunião à distância, o novo ponto alto do dia

Se é uma das pessoas para quem a melodia do Skype a tocar já se tornou uma espécie de banda sonora da vida, de uma forma geral, então é porque as reuniões e pequenos encontros de trabalho à distância se tornaram no ponto alto de exposição e sociabilização do seus dias. Dir-se-á o mesmo de quem usa o FaceTime ou o Zoom, que até tem um filtro que melhora o aspeto da pessoa (basta ir a “Video Settings” e selecionar a opção “Touch Up My Appearance”). Não há problema, é só preciso garantir que, enquanto a câmara estiver ligada, nada transmita descuido, preguiça ou desleixo perante colegas, chefes ou clientes.

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© Mango

“Mesmo para as profissões que tenham um dress code obrigatório, este deve ser adaptado à quarentena, até porque existem outras formas de se estar formal em casa sem ser de fato”, indica o stylist Pedro Aparício ao Observador, adicionando ainda que uma camisa mais formal, sem gravata no caso dos homens, ou uma camisola de gola alta são alternativas a ter em conta. A maquilhagem pode muito bem contrabalançar uma ligeira informalidade da roupa. Há quem opte por acessórios, de forma a transmitir a ideia de um visual pensado — um lenços, uns brincos ou um colar vistoso tendem a ser um bom reflexo do exercício de styling.

A imagem continua a ser alvo de cuidado, mesmo em tempos de confinamento. “A moda tem um impacto psicológico e, nesta altura, o que vestimos pode fazer toda a diferença entre ter um dia sim ou um dia não”, reforça. Com a câmara focada no rosto e até meio do tronco, muitos optam por escolher uma peça mais formal para cima e por vestir umas calças ou uns calções mais descontraídos e confortáveis. O duo blazer e calças de pijama resume a ideia, embora o sportswear como tendência dos últimos tenha reforçado o papel das calças de fato de treino nesta equação.

Para Pedro, o contraste é desaconselhável e pode até ser pior do que entrar a pé juntos numa conference call de t-shirt branca. “Não precisamos de nos calçar, mas vestir a parte de cima de um fato e não vestir a de baixo pode levar a momentos embaraçosos, caso tenhamos de nos levantar”, recorda.

Plantas e livros, dois dos elementos chave para ter como cenário durante uma vídeo chamada de trabalho em casa © Istock Photo

Getty Images/iStockphoto

O cenário também conta. Não é em vão que, por estes dias, parece que toda a gente tem a mesma estante de livros em casa. Além de ajudarem na acústica, uma boa (e organizada) coleção de livros é sempre uma escolha segura. Uma composição de molduras ou uma tela de maiores dimensões, plantas, candeeiros de pé ou uma superfície forrada por papel de parede também são ótimas ideias. De preferência sem grande profundidade, o ideal é que a imagem também não exponha demasiado.

Loungewear, o dress code da quarentena

Uma vez dentro de quatro paredes e sem reuniões na agenda (ou simplesmente em dia de folga), o loungewear é uma versão mais cuidada (e acima de tudo bastante alinhada com as tendências de moda) daquilo que, durante anos, entendemos por “roupa de andar em casa”. O conforto é a ideia base destas peças — compostas por “algodão, malhas e linho”, como acrescenta Pedro Aparício.

Quarentena e moda. Há quem vista a sua melhor roupa, mesmo sem sair de casa

“Mesmo estando em casa, o exercício de estilo pode continuar a funcionar como uma ferramenta para a criatividade e autoestima, por isso, é importante ir variando os looks de acordo com o humor, personalidade e tarefas para aquele dia”, esclarece o stylist. A liberdade é total com as opções a irem do vestido de cocktail (já há movimentos no Instagram que incitam as pessoas a vestirem a sua melhor roupa nestes dias de isolamento) ao pijama assumido, o que pode até ser legítimo se estivermos a falar daquele dia de folga ou fim de semana que tiramos para fazer uma maratona de Netflix no sofá.

O loungewear já paira no armário de muitos — aquele macacão de algodão oversized, o conjunto sedoso ao estilo pijama ou mesmo o slip dress, um hoodie largo com calças a combinar, quimonos e os mais diversos conjuntos. Idealmente, apesar do conforto e da descontração, qualquer uma das opções será à prova de uma ida ao supermercado ou de um passeio com o animal de estimação.

© Zara

Pedro sugere que o tempo extra seja usado para dar uma volta no armário — “selecionando as peças que mais usamos, as que não saem à rua há mais de seis meses e até descobrindo algumas que estavam esquecidas no fundo da gaveta e às quais podemos dar nova vida”, assinala. Talvez seja um bom exercício para esta quarentena, o de separar o essencial do dispensável e, dentro de semanas, recomeçar com plena consciência daquilo que realmente precisamos.

Maquilhagem: a importância dos serviços mínimos

Na última semana, Rita Correia da Costa fez o seu primeiro direto no Instagram. É maquilhadora e está em casa, por causa das ordens de confinamento e porque, afinal de contas, a profissão exige que toque na cara de outras pessoas, o que por estes não convém mesmo nada. A ideia surgiu numa conversa com amigas, não amigas maquilhadores, amigas que trabalham em consultoras e em departamentos de marketing e que, apesar de estarem em casa, continuam a ter uma agenda de reuniões preenchida.

“Da mesma forma que não estaria numa reunião dessas com um casaco de fato de treino, também na maquilhagem há mínimos”, admite, à conversa com o Observador. É precisamente pelo estabelecimento de uma rotina que Rita começa a defender a tese — para quem a maquilhagem faz parte dos passos com que se começa o dia, dentro de casa, o momento faz parte daquilo a que chama “botão”. “Tudo começa quando te arranjas, senão parece que o dia não sai do momento em que acordaste”, completa. Do ritual não faz parte só a maquilhagem, mas também cuidar do cabelo, usar um creme para o corpo e pôr o perfume de sempre, um aroma familiar que a memória olfativa associará a dias normais.

[O tutorial de maquilhagem de Rita Correia da Costa para os dias de quarentena]

https://www.instagram.com/p/B97GqOQHVvW/

Na hora de elaborar uma lista de essenciais, Rita não hesita — no topo vem a hidratação da pele, de manhã e à noite. Logo a seguir está o corretor de olheiras, uma máscara de pestanas, um blush “para dar aquele ar fresco” e um batom hidratante, eventualmente com um pouco de cor. “Se for só assim, são cinco minutos depois do banho”, reforça. Base, iluminador e eyeliner ficam à consideração de cada um, mas fora da shorlist de maquilhadora para a quarentena.

Rita sugere que se aproveite o tempo livre em casa para praticar e explorar novas possibilidades — “quem gosta de smokey eyes, aproveite que agora tem tempo para praticar”. Das reações que teve à sessão de auto-maquilhagem, muitas frisaram o relaxamento que sentiram durante aqueles minutos. Rita vai mais longe: “Maquilharmo-nos é terapêutico”.

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