O Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal desta quinta-feira, dia 26, trouxe de novo uma curva descendente de casos positivos no país (aumento de 18,3%, menos 8,7% do que na véspera), que ultrapassou a barreira dos 3.500 (3.544, mais 549 do que na véspera). Em paralelo, registaram-se mais 17 mortes em relação ao último boletim, num total de 60 por Covid-19 que é o dado mais negro do boletim revelado. Já o número de casos recuperados duplicou, de 22 para 43. Ainda assim, há outros dados a registar.
A nível de casos importados, os números dispararam de forma sem precedente até ao momento: além de haver mais 161 casos importados (com especial incidência em Espanha, França, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos), registam-se mais 12 novos países, a saber: Argentina, Cuba, Estados Unidos, Israel, Jamaica, Luxembrugo, Maldivas, Polónia, Qatar, Rep. Checa, Tailândia e Venezuela. Depois, as variações a nível de concelhos com mais casos: Braga quase quadruplicou o número de casos em 24 horas, passando de 25 para 98, ao passo que Ovar (mais 61, num total de 119) e Coimbra (mais 46, num total de 81) duplicaram os valores.
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A análise do Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal desta quinta-feira, dia 26, pode ser feita através de vários pontos distintos, a saber:
Número total de casos, mortes e recuperados
O dado mais negro do dia: número de mortes aumenta 40%. Portugal passa a ter 3.544 casos positivos, mais 549 do que ontem num aumento de 18,3% (muito inferior aos números desta quarta-feira, em cerca de 9%). O número de mortes subiu de 43 para 60, no maior aumento de sempre – 17 em 24 horas (28 no Norte, 18 em Lisboa e Vale do Tejo, 18 em Lisboa e uma no Algarve). Há 43 recuperados, mais do dobro do que ontem (22).
Caracterização dos óbitos
16 das 17 mortes nas últimas 24 horas foram pessoas acima dos 70 anos. Uma das novidades no Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal a partir desta terça-feira foi a caracterização dos óbitos que ocorreram no país. Neste novo relatório, ficou de novo acentuada a taxa de mortalidade entre as pessoas com mais idade: 16 das 17 mortes nas últimas 24 horas registaram-se entre pessoas com mais de 70 anos. Continuam a existir apenas casos de óbitos a partir dos 50 anos.
Caracterização do número de casos por região
Aumento dos casos nas regiões mais a Sul e nos Açores, Madeira com menos um. Os números a nível de regiões conheceram contornos diferentes nos dois primeiros dias da semana, com a Região Norte a ter o maior número de casos mas a Região de Lisboa e Vale do Tejo a registar mais casos em termos brutos e a Região Centro a conhecer um maior aumento em termos percentuais. Esta quarta-feira, a região Norte teve um aumento brutal, esta quinta-feira a nota dominante vai para o aumento dos casos no Alentejo (20, mais oito, numa percentagem de 67% a mais), no Algarve (89, mais 27 numa subida de 44%) e nos Açores (24, mais sete num aumento de 29%). De registar que a Madeira tem menos um caso do que ontem, passando de 16 para apenas 15.
Número de países e casos importados
O boom de casos importados, o caso dos Emirados Árabes Unidos e os novos 12 países. Na terça-feira, não houve qualquer alteração a nível de casos importados; esta quarta-feira, o número de casos aumentou de novo com predominância para França (30, mais quatro), Andorra (cinco, mais três) e Suíça (13, mais dois); esta quinta-feira, registou-se um autêntico boom nestas contas que deverá merecer uma explicação especial tendo em conta a subida a pique. Ao todo, existem mais 161 casos importados e com 12 novos países, a saber: Argentina, Cuba, Estados Unidos, Israel, Jamaica, Luxembrugo, Maldivas, Polónia, Qatar, Rep. Checa, Tailândia e Venezuela. Entre os países que já constavam no quadro, destaque para os aumentos de Espanha (105, mais 59 casos), França (72, mais 40 casos), Reino Unido (27, mais 15 casos) e Emirados Árabes Unidos (17, mais 14 casos). Subiram ainda Suíça, Andorra, Alemanha, Bélgica, Brasil, Egito, Itália e Países Baixos.
Número de casos por grupo etário
Casos entre os mais velhos com subida menor. Olhando para os casos positivos distribuídos por grupo etário, um dos principais pontos nos primeiros três dias da semana foi o aumento dos casos acima dos 80 anos (a faixa tendencialmente mais vulnerável à Covid-19): mais 48 na segunda-feira, mais 25 na terça-feira, mais 92 na quarta-feira. O número baixou neste novo boletim, com “apenas” 54 novos casos nessa faixa. O outro dado diferente acabou por ser de novo o aumento de casos em pessoas com idade entre os 40 e os 49 anos, a única subida além do grupo etário entre os 10 e os 19 anos. Nesta altura, e por faixas etárias, o maior número de casos ativos é entre os 40 e os 49 anos (671), seguido da faixa dos 50 aos 59 anos (637) e dos 30 aos 39 anos (578).
Número de casos internados e nos cuidados intensivos
Há menos 85 casos positivos internados, UCI mantém 61 casos. O número de casos internados e nos cuidados intensivos estava a ter um ligeiro aumento, confirmando a lógica de haver cada vez menos casos em internamento, mas o boletim desta quarta-feira veio inverter essa tendência: existiam 276 casos positivos internados, num aumento de mais 73 em relação a terça-feira (ou seja, aumentou quase tanto do que nos últimos quatro dias juntos: 77). O número de casos em Unidades de Cuidados Intensivos também tinha subido para 61, mais 13 do que na véspera. Agora, os números voltaram a baixar de forma visível: se o número de internados em UCI se mantém nos 61, passou a haver menos 85 pessoas internadas com Covid-19.
Número de casos suspeitos, não confirmados, em vigilância e a aguardar resultados
Percentagens de subida até aos 30%, casos não confirmados aumentam apenas 1%. Nas percentagens da curva de evolução nos casos suspeitos, não confirmados, em vigilância e que aguardam resultado, que na semana passada tiveram valores que variavam entre os 170% e os 310%, esta semana começou com dois dias consecutivos abaixo dos 30%, houve um ligeira aumento na quarta-feira mas esta quinta-feira confirmou a inversão dos números: os casos não confirmados tiveram uma subida de 1% (149, num total de 16.718), os casos suspeitos aumentaram apenas 5% (22.257, mais 1.102), os casos sob vigilância subiram 10% (14.994, mais 1.370) e apenas os casos à espera de resultados tiveram uma subida maior de 25% (1.995, mais 404).
Caracterização dos casos por género
Número de mulheres infetadas continua a aumentar. O início da semana confirmou a tendência que vinha da semana passada: se no início do surto havia mais homens do que mulheres infetados, a última semana inverteu essa tendência com o número de casos do sexo feminino positivos a subirem. Agora, esses números continuam a aumentar: se nos últimos três dias houve mais 136 mulheres infetadas do que homens, esta quinta-feira essa diferença foi de 77 casos. No total, há mais 254 mulheres do que homens infetadas.
Número de casos por concelho
Um problema chamado Braga e as subidas em Ovar e Coimbra. A caracterização demográfica dos casos confirmados, outro dos pontos que passou a constar do boletim da DGS desde terça-feira, teve trocas nos dez concelhos com mais casos ativos em Portugal: se ontem as principais subidas tinham sido registadas na Maia, em Vila Nova de Gaia e no Porto, esta quinta-feira trouxe uma subida de mais 73 casos em Braga (quase quatro vezes mais, num total de 98), mais 61 em Ovar (mais do dobro, num total de 119) e mais 46 em Coimbra (mais do dobro, num total de 81). A maior subida registou-se no Porto, com mais 122 casos (total de 259), sendo que Lisboa continua a ter o maior número: 284 (mais 97). Cascais e Sintra mantiveram os valores da véspera.
Nota: depois de Salvador Malheiro ter referido que os números de infetados em Ovar não estariam atualizados no Boletim da DGS, também Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, apontou uma diferença entre o número de casos na sua autarquia, que em vez de 25 deveriam ser 61 (explicando isso com um delay)
Caracterização dos casos confirmados por sintomas
Percentagem de casos que apresentaram cefaleias com grande subida. Entre a caracterização dos casos que o boletim da DGS apresenta, todos os sintomas tinham apresentado descidas ao longo da semana mas houve esta quinta-feira uma inversão em dois pontos: os casos com cefaleias, que tinham baixado de 34% para 28%, subiram para 63%; já as queixas por fraqueza muscular, que caíram de 28% para 27% e de 27% para 23%, estão agora nos 37%. Nos restantes sintomas, e em relação à véspera, a tosse baixa de 62% para 53%, a febre baixa de 51% para 48%, as dores musculares passam de 36% para 31% e as dificuldades respiratórias mantêm os 19%.