O presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, confirmou esta segunda-feira que 15 idosos do lar da Santa Casa da Misericórdia morreram depois de terem contraído a Covid-19, havendo ainda 99 utentes e funcionários infetados.
Em declarações à Lusa, o autarca referiu que dos 105 utentes do lar situado no Complexo Social da Moita, em Oliveirinha, 77 acusaram positivo para a Covid-19, nos testes de despiste que ficaram concluídos na semana passada. O autarca referiu ainda que 15 utentes que estavam infetados com o novo coronavírus morreram nos últimos dias. Há ainda 22 funcionários que também estão infetados e oito que tiveram um resultado negativo.
O lar da Misericórdia aveirense é até ao momento o caso mais grave registado no município, mas Ribau Esteves diz que a instituição tomou todas as medidas necessárias, com a criação de “uma ala de positivos, com equipas e circuitos autónomos”.
O presidente da Câmara deixou ainda um “grito de alerta”, afirmando que há lares à espera da execução de testes de despiste à Covid-19 que estavam planificados e que não foi possível realizar, porque não há zaragatoas para recolher amostras para irem para o laboratório.
O que a senhora diretora-geral da Saúde disse hoje na conferência de imprensa, de que não faltavam testes onde eram precisos, é linearmente falso. Em Aveiro não há zaragatoas. O ‘stock’ do nosso hospital entrou em rutura e o tal camião que anda para chegar, faz quinta-feira 15 dias e que foi garantido em absoluto que iria chegar este fim-de-semana, não chegou”, disse o autarca.
O autarca fez um apelo “desesperado” para que uma parte das 80 mil zaragatoas que o Governo anunciou que iriam ser distribuídas “venha para aqui com urgência”, porque “Aveiro é um dos municípios e uma das regiões do país com maior incidência”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 70 mil.
“Está toda a gente aflita” por falta de testes nos lares de Aveiro, alerta provedor da Santa Casa
Em Portugal, segundo o balanço feito esta segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 311 mortes, mais 16 do que na véspera (+5,4%), e 11.730 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 452 em relação a domingo (+4%). Dos infetados, 1.099 estão internados, 270 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 140 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 0h de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 de março o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.
Provedor da Santa Casa de Aveiro fala em “absoluta anormalidade”
Em declarações à Rádio Observador, Lacerda Pais, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, reafirmou aquilo que Ribau Esteves, o Presidente da Câmara da mesma localidade, ja´tinha dito também: “Há muita falta de testes.”
Lacerda Pais conta que a Santa Casa da Misericórdia de Aveiro só conseguiu que se realizassem os testes graças ao “esforço do presidente da câmara e de outras instituições da saúde” que, “a muito custo”, conseguiram que fossem feitos os testes.
“Está toda a gente aflita” por falta de testes nos lares de Aveiro, alerta provedor da Santa Casa
Esta realidade faz com que todo o concelho e distrito, afirma o provedor, esteja mergulhado numa “absoluta anormalidade” onde é impossível perceber ao certo quantos doentes há: “Ninguém pode afirmar que há X número de infetados se não fazem testes.” Pior fica ainda a situação porque “não consta que qualquer outra instituição do concelho” tenha tomado estas medidas de despistagem.
Lacerda Pais termina ressalvando que está instalado um estado de pânico: “Sei, por contacto com os similares do concelho e do distrito, está toda a gente aflita porque sabem que esta coisa está dentro das instituições mas não a conseguem detetar.”