O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, mostrou-se esta quarta-feira favorável à utilização de máscaras de proteção pela população e reiterou o apelo à realização de testes ao contágio pelo novo coronavírus a todos os profissionais de saúde.
“A utilização de máscara serve para evitar que eu passe a infeção a outra pessoa”, disse Miguel Guimarães, recomendando a utilização deste equipamento de proteção individual para “toda a gente que frequente locais públicos”, incluindo nos hospitais, centros de saúde e superfícies comercias, como, por exemplo, supermercados.
O bastonário da Ordem dos Médicos falava durante uma “comemoração virtual” do Dia Mundial da Saúde, uma iniciativa promovida pela Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, onde realçou que o uso de máscaras de proteção poderia “ser uma atitude que melhoraria o combate” contra a pandemia da doença provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).
Miguel Guimarães enalteceu também a importância de “testar todos os profissionais de saúde que têm mais exposição” à Covid-19, de “15 em 15 dias”, acrescentando que devia ser “uma imagem de marca” de Portugal na mitigação da pandemia.
Em consonância com o bastonário da Ordem dos Médicos, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, sublinhou que “é preciso testar continuamente e sem tréguas” os profissionais de saúde.
Ana Rita Cavaco explicitou que há “2.000 enfermeiros em casa” – em isolamento por prevenção, uma vez que poderão estar infetados – e que não estão a ser testados.
Destes 2.000 haveria muitos que estariam negativos [os resultados dos testes à presença do novo coronavírus] e poderiam estar a ajudar os colegas, e outros estariam positivos” e não poderiam continuar a trabalhar, prosseguiu.
Nesta iniciativa estiveram também presentes o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, a membro da direção nacional da Ordem dos Farmacêuticos, Ema Paulino, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, a representante do Fórum das Tecnologias da Saúde, Melissa Cravo, e a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos, Isabel Trindade.
Isabel Trindade aproveitou a intervenção de cinco minutos para referir que “a saúde física está em risco, mas a saúde psicológica também”.
A vice-presidente da Ordem dos Psicólogos realçou que a utilização de máscaras “faz todo o sentido”, mas, no entanto, não se pode “dizer à população para utilizar máscaras se a população não tem acesso” a estes equipamentos.
“Estar a assustar mais as pessoas do que aquilo que elas já estão, não sei se do ponto de vista da saúde psicológica não vai ser pior”, afirmou, acrescentando que é preciso fazer com que as pessoas tenham acesso às máscaras.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou cerca de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 80 mil. Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito esta quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes e 12.442 casos de infeções confirmadas. Dos infetados, 1.180 estão internados, 271 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 184 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 0h de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.