O preço do barril de petróleo norte-americano está a cair quase 40%, atingindo o nível mais baixo em mais de duas décadas, com relatos de que por causa da forte quebra na procura está a tornar-se até difícil encontrar locais para armazenar o crude que não é vendido. A sessão asiática já tinha sido “negra” mas os contratos futuros do barril de crude West Texas Intermediate (WTI) duplicaram a intensidade das quedas (para uma cotação de 11,20 dólares, no caso dos futuros para entrega em maio) na abertura da negociação nos EUA.
Nos futuros para entrega em junho a queda não é tão pronunciada mas, ainda assim, é significativa: 8,4% para 22,94 dólares por barril, segundo a Bloomberg. Por outro lado, o preço do barril de Brent do mar do Norte, de referência na Europa, recuava 4,5% para 26,81 dólares.
Os preços no mercado de petróleo caíram nas últimas semanas para o nível mais baixo em cerca de 20 anos, devido ao impacto na procura das restrições de viagens impostas em todo o mundo por causa da covid-19. A crise foi agravada depois da Arábia Saudita, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), ter lançado uma guerra de preços com a Rússia, que não pertence à organização.
Os dois países acordaram pôr um fim ao diferendo no início do mês, ao aceitar, juntamente com outras nações, reduzir a produção em cerca de dez milhões de barris por dia para estimular os mercados afetados pelo novo coronavírus. No entanto, os preços continuaram a cair fortemente, o que levou analistas a considerar as reduções insuficientes para compensar a quebra maciça na procura causada pela pandemia.
Os preços do petróleo bruto continuam sob pressão, uma vez que as previsões de descida da procura pesam sobre o sentimento geral”, declarou, em comunicado, o banco Australia and New Zealand Banking Group (ANZ). Apesar de a OPEP ter aceitado uma redução sem precedentes da produção, o mercado está inundado de petróleo”, acrescentou o ANZ, numa referência aos membros da organização e aos parceiros não-membros.”
O banco considerou ainda que se mantém o receio de que “as instalações de armazenamento nos Estados Unidos estejam no limite da capacidade”. A administração norte-americana de informação sobre energia indicou que os ‘stocks’ de bruto da primeira economia mundial tinham aumentado 19,25 milhões de barris na passada semana, num mercado mundial sobreaprovisionado.