Tem sido uma das principais preocupações dos cidadãos europeus à medida que o tempo avança: como é que vai ser o verão de 2020? Mesmo com a pandemia a entrar numa fase de desaceleração na maioria dos países da Europa, a verdade é que é difícil imaginar um futuro a curto prazo que não envolva cuidados acrescidos, distanciamento social e total proibição de grandes aglomerações. O verão só começa daqui a cerca de dois meses, no final de junho, mas a verdade é que as próximas semanas já seriam de crescente movimento e afluência às praias por toda a Europa. E é ainda quase impossível conceber a ideia de uma praia cheia de gente com pouco ou nenhum espaço entre si.

Itália, durante muito tempo o principal foco de contágio na Europa e ainda o país europeu com mais vítimas mortais, já começou a pensar no verão e a desenhar possibilidades para não anular por completo a estação do ano. Num país onde várias regiões são destinos de praia por excelência, tanto para consumo interno como para turismo internacional, a preocupação com a possibilidade de não lucrar com os três meses do ano que compensam todos os outros começou a assustar os empresários. As soluções começaram a aparecer: e a melhor, pelo menos por agora, passa por cubículos de acrílico a separar cada chapéu de sol dos restantes.

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Em Espanha, o alarme foi decretado pela ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, que disse que a reabertura dos estabelecimentos de lazer poderia ser adiada até 2021. Uma afirmação que preocupou os autarcas das regiões balneares espanholas mas também os responsáveis pelas concessões das praias e os donos dos hotéis, restaurantes, cafés e bares que dependem da afluência de pessoas durante o verão para subsistir nos restantes meses do ano. Ainda assim, o exemplo italiano e os cubos de acrílico não seduziram os espanhóis, que acreditam ter tudo o que é preciso para criar destinos de praia “Covid-free”.

“Estamos a trabalhar a pensar que as praias vão abrir a 15 de junho e que seremos um destino ‘Covid-free’. Temos de garantir que seremos um destino seguro, vamos tomar todas as medidas higiénicas e sanitárias que o Ministério da Saúde e a comunidade exijam. Vamos testar todos os trabalhadores do setor e vamos propor higienizar os quartos dos hotéis. Vamos tomar qualquer medida necessária”, disse ao El Confidencial Daniel Barbero, o responsável máximo pelas praias da região Almuñécar, na Andaluzia, que garante que manter as praias encerradas até ao próximo ano como indicou a ministra iria custar 140 mil empregos e 15 milhões de euros ao PIB andaluz.

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Daniel Barbero garante então que Almuñécar, na Costa Tropical de Granada, pode ser o projeto “piloto” que vai servir de exemplo para as outras praias de Espanha. “Não somos um destino de aglomerações. Temos o espaço suficiente. Estamos entre os três municípios da região que melhor cumpriram o confinamento. As pessoas estão muito mentalizadas e isso pode ajudar muito a que possamos reabrir as praias. As pessoas sabem que este verão é diferente e de certeza que todas as pessoas vão colaborar. Temos 26 quilómetros de praia com muitas enseadas e onde as distâncias são sempre grandes”, defendeu o responsável municipal, acrescentando ainda que os cubículos propostos por Itália em Espanha “são uma autêntica loucura”. “As praias são espaços abertos e no verão existe uma humidade e uma temperatura que, segundo as autoridades sanitárias, fazem com que o ‘bicho’ tenha baixa incidência”, concluiu.

Já Juan Marín, vice-presidente da Andaluzia, diz ser “muito provável” que as praias da região estejam prontas para reabrir no verão, ainda que não tenha qualquer informação oficial sobre o assunto. “Oxalá que sim mas não tenho uma bola de cristal, não somos adivinhos”, disse ao El Confidencial. “O mais racional é que é muito provável que este verão possamos ir às praias. Em que condições? Teremos de ver consoante a evolução da pandemia”, afirmou.

Será o governo regional da Andaluzia a enviar uma proposta o governo central espanhol a propor que exista temporada de verão na zona do país onde muitos habitantes de Madrid têm a segunda residência. “Vi por aí imagens de ficção científica que não me atreveria sequer a reproduzir”, concluiu Juan Marín, também sobre as soluções apresentadas por empresas italianas. O futuro do verão ainda é incerto mas a Andaluzia garante que poderá ser um destino de praia “Covid-free”.