A pandemia de Covid-19 deixou cerca de 13 milhões de pessoas sem acesso a vacinação contra outras doenças mortais. A informação foi adiantada por Tedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, durante o briefing diário do organismo sobre a situação epidemiológica global.

“Quando a cobertura de vacinação não acontece, mais surtos vão surgir, incluindo de doenças mortais como o sarampo e a poliomielite. A trágica realidade é que, como resultado, crianças vão morrer”, afirmou o diretor-geral da OMS, sublinhando então que 14 campanhas de vacinação foram suspensas devido à pandemia. As campanhas visavam a proteção contra doenças como a poliomielite, o sarampo, a cólera, o vírus do papiloma humano, a febre amarela e a meningite.

Sobre a situação global, Ghebreyesus garantiu que “a pandemia está longe do fim”. Por isso mesmo, o diretor-geral da OMS anunciou que a organização irá lançar um Segundo Plano de Preparação e Resposta à Covid-19, com novos recursos e cenários, e que será apresentado no final desta semana.

O diretor-geral da OMS explicou que a organização continua “preocupada” com o panorama em locais como África, Europa de Leste, América Latina e alguns países asiáticos. “Como em todas as regiões, os casos e as mortes não são todos reportados em muitos países destas zonas, devido à fraca capacidade de testagem”, concluiu, deixando ainda os dados relacionados com a situação no continente africano. Atualmente, já 52 dos 52 países de África confirmaram pelo menos um caso de Covid-19, existem mais de 31 mil casos positivos, já morreram mais de 1.400 pessoas e já recuperaram outras 9 mil. O país mais afetado continua a ser a África do Sul, com mais de 4 mil casos.

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Questionado sobre o facto de alguns países estarem a levantar as restrições, Michael J. Ryan, diretor-executivo da OMS, explicou que os governos têm de “pôr na balança as vidas e a economia”. “Se derem passos demasiado rápido, arriscam-se a sofrer um impacto maior na economia. Cada país deve ver o efeito que pode ter na economia manter encerrados certos setores, mas também qual poderá ser o impacto de os abrir, em termos de vidas. Nada é certo, neste momento. Temos de aprender com as lições que saem de cada país”, sublinhou Ryan. Sobre este tópico, Tedros Adhanom Ghebreyesus acrescentou que a OMS “só pode aconselhar os países”. “É decisão de cada um seguir os nossos conselhos ou recusá-los, mas os nossos conselhos baseiam-se na ciência e nas provas”, disse o diretor-geral.

Ghebreyesus falou ainda sobre a possibilidade de uma segunda vaga da pandemia e garantiu que essa possibilidade está “nas nossas mãos”, já que será necessário implementar “medidas corretas para a evitar”. O diretor-geral indicou ainda a OMS vai lançar, no final desta semana, o segundo plano estratégico de preparação e resposta à Covid-19, “com uma estimativa dos recursos necessários para o próximo estágio da resposta global”, e deixou um agradecimento ao contributo de alguns países — incluindo Portugal. “Gostaria de agradecer à China, a Portugal e ao Vietname pelas suas contribuições recentes”, disse.

No final, Tedros Adhanom Ghebreyesus voltou a apelar à união, algo que tem feito em quase todos os briefings da OMS. “O vírus não será derrotado se não estivermos unidos. Se não estivermos unidos, o vírus vai explorar as quebras entre nós e continuar a criar estragos. Vidas serão perdidas”, terminou o diretor-geral do organismo.

(Artigo atualizado às 8h10 de terça-feira, dia 28, para dar conta do novo Plano de Preparação e Resposta à Covid-19)