A sexualidade em tempos de quarentena é “fundamental” entre os casais, que devem evitar andar de pijama todos os dias em casa, para criar um clima de “sensualidade”, explicou Maria do Céu Santo, médica ginecologista e obstetra, em entrevista à rádio Observador.
Estar 24h por dia com alguém no mesmo espaço pode ser desafiante. Mas é preciso saber “gerir e fazer uma programação da própria rotina” para haver tempo para o casal e tempo para cada um estar individualmente, aconselha Maria do Céu Santo.
A médica acredita que o confinamento pode levar a duas situações: um “‘boom’ de nascimentos” ou um aumento dos divórcios, uma vez que permanecer em isolamento com um parceiro ou uma parceira, com filhos ou em agregados familiares mais extensos pode ter implicações na relação entre os casais. Mas acredita que a melhor receita para um confinamento pacífico é “ser tolerante e elogiar o outro”. Fazer “massagens”, “cozinhar por prazer”, ver um filme ou ouvir uma música que ambos gostem podem ser “motores de arranque” para tornar a relação “mais intensa”.
Tenho esperança que as pessoas não vivam todos os dias em frente às notícias e aos telejornais a ouvir o números de mortos, e que não tenham medo de viver. A sensualidade e sexualidade vão aumentar”, garantiu Maria do Céu Santo, que sugere “sair da rotina”, “ter imaginação” e “criatividade”, apostando nos brinquedos sexuais e na “pornografia” para “apimentar” as relações.
Para aqueles que estão sozinhos, a obstetra aponta como principal apoio as redes sociais, como o Skype ou o Whatsapp, dizendo que é fundamental criar um clima de “afetividade” entre o casal através destes meios, prática que pode aumentar o número de casamentos, porque “o afastamento aumenta o desejo”, acrescenta. A ginecologista considera que o isolamento pode “levar a que algumas das pessoas que nem queriam coabitar” queiram “juntar os trapinhos”. “Uma coisa é a solidão por opção, outra é a solidão por obrigação”, remata.
Podem ainda surgir conflitos entre os casais, principalmente em situações de dificuldades económicas, aumentando o “stress” em casa. “É preciso não ter vergonha e saber pedir ajuda às instituições e à própria família, tanto financeira como psicológica”, disse a médica ginecologista.