O Santuário de Fátima voltou a decidir a favor da realização das cerimónias do 13 de Maio sem a presença física de peregrinos ou celebrantes, apesar de a ministra da Saúde ter dito numa entrevista à SIC que aquele evento seria “uma possibilidade”.

A informação foi avançada em comunicado lido este domingo à tarde, da autoria do bispo de Leiria-Fátima, o cardeal Dom António Marto.

“A decisão da Igreja Católica de seguir as indicações das autoridades civis no sentido de suspender as celebrações religiosas decorre da responsabilidade de fazer o que está ao seu alcance para não colocar em perigo a saúde pública, em sintonia com o mandato evangélico do amor próximo”, lê-se naquele comunicado.

“Estamos conscientes de que um aglomerado imprevisível de pessoas na Cova da Iría a 12 e 13 de maio, numa altura em que o risco epidémico é elevado , contraria as orientações das autoridades de saúde, que optaram por fazer um desconfinamento gradual e faseado”, acrescenta aquele texto.

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Assim, o Santuário de Fátima mantém a decisão anteriormente anunciada, a 4 de abril, de realizar as celebrações do 13 de Maio com “uma presença simbólica de participantes”, que serão apenas os “intervenientes na celebração e funcionários do Santuário de Fátima”. Assim, não haverá “presença física de peregrinos”, que poderão assistir às cerimónias a partir da comunicação social.

“Por mais que o nosso coração desejasse estar em Fátima, a celebrar comunitariamente neste lugar, como acontece desde 1917, a prudência aconselha-nos que desta vez não seja assim”, refere o comunicado. “Mantemos esta opção dolorosa, na expectativa de quanto antes podermos ter neste santuário as multidões que na alegria da fé se reúnem para celebrar e rezar

Esta foi a tomada de posição anunciada pelo Santuário de Fátima depois de no sábado a ministra da Saúde, Marta Temido, ter admitido a “possibilidade” de haver peregrinação em Fátima, tal como houve o evento da CGTP no Primeiro de Maio. Na manhã deste domingo, fonte oficial do Santuário de Fátima disse ao Observador que estava “surpreendida” com a tomada de posição da ministra. Marta Temido, porém, esclareceu este domingo que a “possibilidade” por ela admitida à SIC não contemplava a participação de “peregrinos” mas apenas de “celebrantes”. De qualquer modo, o Santuário de Fátima decidiu manter a sua posição inicialmente anunciada a 4 de abril.

Santuário de Fátima já tinha dito a 4 de abril que cerimónias não teriam peregrinos

O Santuário de Fátima já tinha afirmado a 4 de abril que as cerimónias do 13 de Maio deste ano decorreriam sem peregrinos, atendendo à pandemia de Covid-19. “Suspender esta peregrinação de maio nos moldes habituais é um ato de responsabilidade pastoral e também um profundo ato de fé”, disse na altura o cardeal D. António Marto, num vídeo divulgado através das redes sociais do Santuário.

Questionado diretamente sobre a possibilidade de o 13 de maio ser celebrado em Fátima, à saída da habitual reunião semanal com epidemiologistas no Infarmed, no passado dia 15 de abril, Marcelo Rebelo de Sousa foi perentório e não quis nem ouvir falar no assunto. Para o Presidente da República, por muito que maio seja “o mês para o retomar o convívio com a realidade do vírus”, isso “não significa correr riscos que seriam riscos contraditórios com o que tem sido feito até hoje”.

A que se iniciou este domingo, com o fim do estado de emergência, já tinha dito também na altura Marcelo Rebelo de Sousa, terá de ser “uma fase de transição, incompatível com fenómenos de massas que significaria um risco muito elevado”.

Marta Temido contraria diretiva do Governo ao dizer que peregrinação de Fátima (que foi cancelada) é “uma possibilidade”