Uma corrida contra o tempo. Já passaram mais de 48 horas do desaparecimento da pequena Valentina Fonseca, a menina de nove anos desaparecida da casa do pai na Atouguia da Baleia, freguesia do concelho de Peniche, e ainda não há sinal nem pistas do que possa ter acontecido. Numa operação montada com ajuda da Proteção Civil e da GNR, com apoio da PJ, as autoridades recorreram à população local para conseguir alargar o perímetro das buscas. Segundo fontes policiais ouvidas pelo Observador, foi a melhor forma para conseguir bater o máximo de terreno possível para tentar encontrar a criança.

Fonte do Comando Territorial de Leiria da GNR este domingo à Lusa que as buscas decorreram durante a noite com um “efetivo mais reduzido devido à não existência de luz solar”, mas que hoje já se juntaram “meios cinotécnicos [cães] que estão a apoiar o dispositivo territorial”. “Até ao momento não há nenhuma informação sobre o paradeiro da criança”, afirmou a mesma fonte. De acordo com a página da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, participam nas buscas 92 operacionais, com 27 viaturas.

Filha de pais separados, a menina terá sido vista pela última vez pelo próprio pai — que segundo relatou às autoridades a foi aconchegar perto da 1h00. Valentina estava a pernoitar na casa onde o pai vive com a madrasta e onde estava a passar alguns dias, confirmou fonte familiar. Pai e mãe já foram ouvida pelos inspetores da PJ e contaram que já em 2019 a menina tinha fugido de casa, de manhã, para ir ter com a mãe. Nessa altura, no entanto, foi encontrada por um agente policial que estranhou ver uma criança sozinha. Perguntou-lhe se queria boleia e ela aceitou. O polícia conduziu a menina à casa da mãe.

A investigação, que se tornará cada vez mais difícil à medida que o tempo passa, está a ser levada a cabo pelo Departamento de Investigação Criminal de Leiria.

Durante todo o sábado a GNR tem contado com o apoio dos Bombeiros e escuteiros nas buscas pela criança, a que se somam alguns populares, mobilizados pela própria Junta de Freguesia de Atouguia da Baleia, através do Facebook, mas sem surtir qualquer efeito. “Ainda não conseguimos descobrir a menina”, afirma ao Observador fonte oficial da GNR.

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Ao Observador, fonte oficial da GNR confirma que ainda não há qualquer pista sobre o paradeiro da criança, acrescentando que — à semelhança do que aconteceu na última noite — as buscas irão continuar durante toda a noite com recurso aos meios possíveis. “As buscas estão a decorrer, mas em virtude das condições climatéricas estão um bocadinho mais difíceis, vão continuar durante a noite, com mais de uma dezena de cinótecnicos, drones no local, patrulhas apeadas ou automóveis”, explicou ao Observador fonte da GNR. “Tudo o que for preciso para encontrá-la o mais rapidamente possível”, disse uma outra fonte.

Ainda durante este sábado, um popular que participou nas buscas entregou duas peças de roupa à GNR que terá encontrado,  informação avançada pelo Correio da Manhã, Ao Observador, uma fonte policial esclareceu que estas duas peças de roupa não são da menina e que nada terão a ver com o caso em investigação, ainda assim o material foi recolhido. Isso mesmo foi também avançado, em entrevista à CMTV, pelo presidente da junta de freguesia Afonso Clara, diz que o achado foi pouco valorizado pelas autoridades já que as peças de roupa não eram sequer semelhantes à roupa que a criança tinha vestida, de acordo com as informações dadas pelos familiares.

Nos últimos dois dias têm estado empenhados nas buscas dezenas de militares, também em equipas de binómios cinotécnicos (com apoio de cães) para bater os terrenos em redor da habitação do pai da criança, local onde foi vista pela última vez.

Na quinta-feira, cerca das 23 horas a família deitou-se. Ao que o Observador apurou junto de um familiar, por volta da 1h00 da manhã o pai acordou e passou pelo quarto da filha, tendo-lhe aconchegado os cobertores — foi a última vez que a viu. Às 8h, quando voltou ao quarto para a acordar, já não a encontrou. A fonte contactada

Foi também por volta da 1h30 da madrugada que uma vizinha viu uma carrinha vermelha estacionada na rua, perto da casa da criança — que lhe levantou suspeitas pelo facto de não pertencer a nenhum dos vizinhos daquela zona, disse ao Observador fonte familiar. A mesma fonte acrescentou ainda que, nessa madrugada, a madrasta se terá esquecido de trancar a porta. No entanto, fonte policial contactada pelo Observador diz que essas informações apesar de estarem todas a ser avaliadas, muitas são falsas e não passam de publicações que as pessoas colocam nas redes sociais e que têm que ser triadas.

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Além do pijama, Valentina Fonseca vestia um casaco — peça de vestuário que o pai viria a dar por falta mais tarde. Fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Leiria disse à agência Lusa que o alerta para o desaparecimento foi dado horas mais tarde, às 20h30 de quinta-feira.

Dois familiares relatam ao Observador que parte da família receia que a criança tenha saído de casa por ciúmes — até porque o pai e a madrasta tiveram um bebé há muito pouco tempo. Em contrapartida, a criança tinha muito medo do escuro — o que, na perspetiva da família, afasta a tese de que terá saído pelo próprio pé durante a noite. A Polícia, apurou o Observador, acredita mais na tese que a menina tenha saído de casa já pela manhã, ao acordar — tal como fez na última fuga.

Também os familiares colocam a hipótese de ter saído ao início da manhã ou que o desaparecimento se trate de um crime. Se assim for, a família está confiante devido ao fecho das fronteiras que poderá permitir um maior controlo e deteção, em caso de rapto.

Esta não é a primeira vez que a menina, que está em regime de guarda partilhada dos pais, desapareceu. Já na Páscoa de 2019, Valentina Fonseca saiu de casa do pai porque tinha “saudades da mãe”. Só que, por volta das 9h00, a polícia passou pela criança e perguntou-lhe porque estava sozinha na rua, tendo-a encaminhado para os pais.

As buscas decorrem desde quinta-feira, depois de a família ter dado conhecimento do desaparecimento da criança, cerca de 20 horas depois de a terem visto a última vez na cama enquanto dormia.