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No primeiro trimestre de 2020, a Farfetch faturou mais 46% do que no mesmo período do ano passado, com o volume de negócios a atingir 611 milhões de dólares. As receitas nos primeiros três meses do ano cresceram 90% para 331 milhões de dólares e os prejuízos depois de impostos “permaneceram relativamente inalterados” — subiram 2% para 79,2 milhões de dólares, anunciou o unicórnio (empresa avaliada em mais de mil milhões de dólares) nesta quinta-feira, depois do fecho da Bolsa de Nova Iorque, onde está cotada.

Em relação aos resultados da Farfetch no trimestre anterior (o último de 2019), os prejuízos da loja online de moda de luxo caíram 28% (de 110,126 milhões para 79,2 milhões) e o volume de negócios também desceu 17% (de 740 milhões para 611 milhões).

“Nunca imaginei que a plataforma global que construí para a indústria de luxo seria testada numa crise tão devastadora como esta. Os nossos corações estão com todos aqueles que foram impactados por esta pandemia global e estamos profundamente agradecidos aos trabalhadores essenciais e a quem está na linha da frente a ajudar-nos a gerir toda esta situação. Nos últimos meses, enquanto respondíamos a um ambiente de mudança para servir a nossa comunidade de criadores, curadores e consumidores desta indústria que amamos, as nossas equipas ultrapassaram os limites percebidos e demonstraram a resiliência do nosso modelo de negócio”, afirmou José Neves, fundador e presidente executivo da Farfetch.

Para o empreendedor português, o mundo não vai voltar ao que era normal na era pré-Covid-19 e está confiante de que ” o conjunto único de capacidades” da empresa posiciona-a “para ser ainda mais forte no futuro”.

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Já Elliot Jordan, responsável financeiro da Farfetch, sublinha a melhoria nas margens do EBITDA [lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, ou seja, os resultados operacionais] ajustado, que continuam a fazer “o caminho da empresa para a rentabilidade”. Apesar de continuar a ser negativo, este EBITDA ajustado caiu 26% face ao mesmo período do ano passado, totalizando agora 22,319 milhões de dólares.

A par desta descida está a das margens (diferença entre as receitas e os custos) dos resultados operacionais, que, apesar de também continuar negativa, caiu de 20,7% negativos para 7,4% negativos. Em teoria, quanto mais elevadas forem as margens de um negócio, mais sólido ele é. Quando as margens são negativas, a lógica é inversa: quanto mais estiverem a descer, melhor sinal é.

“A nossa forte folha de balanços posiciona-nos bem para navegar nas incertezas de curto prazo, à medida que continuamos a construir nossa posição de sermos a principal plataforma global para o setor de moda de luxo, concentrando-nos em proporcionar crescimento sustentável, além de melhorar a eficiência de custos”, referiu Elliot Jordan.

Em fevereiro de 2020, Elliot Jordan já tinha feito a promessa de que as operações da empresa se preparavam para chegar aos lucros em 2021. E Luís Teixeira, responsável pelas operações da Farfetch, tinha dito ao Observador que “até agora eram os analistas a apontar 2021 como a data possível para o break-even [momento a partir do qual o negócio passa a ser rentável], mas ontem fomos nós que dissemos que temos como objetivo atingir o break-even no EBITDA ajustado, ou seja, nos resultados operacionais da empresa, nesse ano.”

Farfetch: “O mercado não olha a prejuízos, preocupa-se é que seja um negócio com resultados operacionais sólidos”