Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete. Um pouco à semelhança da espiral em que entrou a Juventus em Itália, a conquista da Bundesliga pelo Bayern já começa a ser mais uma obrigatoriedade do que propriamente um desafio. No entanto, e como os bianconeri na Serie A, a caminhada no Campeonato até à paragem de todas as provas por causa da pandemia há mais de dois meses não foi o habitual passeio de outras temporadas. Contas feitas, e apesar da opinião de antigas glórias que trocavam um novo triunfo na Champions por duas ou três ligas, os bávaros tinham quatro pontos de avanço do B. Dortmund para defender, que passou a um após a goleada em casa do principal rival na luta pelo título frente ao Schalke 04 (com dois golos do português Raphael Guerreiro).

Raphaël Guerreiro, o inesperado protagonista do regresso do futebol: Dortmund goleia Schalke com bis do português

Também por essa “pressão extra” e entre a incerteza de um regresso que trouxe um lado lunar (o número bem mais elevado do que é normal de lesões musculares) além de todas as regras protocolares, o Union Berlim aparecia como uma das equipas menos desejáveis nesta fase – mesmo sem a presença de público nas bancadas.

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História à parte, percetível numa simples ida ao Alte Försterei com capacidade para apenas 22 mil espetadores e que guarda em vários detalhes a herança da Alemanha Oriental, o Union, que disputa pela primeira vez na história a Bundesliga, corporiza como equipa o lema da “União de ferro” do clube. Dentro e fora dos relvados: o próprio plantel abordou os responsáveis para abdicar do salário durante a pandemia e os restantes funcionários também se colocaram à disposição para baixarem os seus vencimentos. Numa altura em que tanto se discute na Alemanha o peso do dinheiro no futebol e a posição maioritária de Dietmar Hopp como acionista do Hoffenheim (uma das poucas exceções à regra no país), este é o terreno mais puro que o desporto pode ter.

No entanto, desde cedo se percebeu que o conjunto do técnico Urs Fischer (ausente por ter quebrado a quarentena com o devido consentimento do clube para ir ao funeral do sogro) não teria andamento para o rolo compressor do Bayern que vinha de uma série de 14 vitórias e um empate consecutivos e que deu prolongamento a essa fase dois meses depois com um triunfo por 2-0 que manteve a vantagem de quatro pontos na liderança. Protagonista do costume? Robert Lewandowski, que inaugurou o marcador de penálti (40′) e alcançou mais uma marca.

Numa semana em que escolheu Benzema (Real Madrid), Timo Werner (Leipzig), Luis Suárez (Barcelona), Sergio Aguero (Manchester City) e Kylian Mbappé (PSG) como “os melhores números 9 da atualidade”, o polaco chegou ao 40.º golo da temporada no acumulado de todas as provas (26 só na Bundesliga, a um de Ciro Immobile na luta pela Bota de Ouro), naquela que foi a quinta época consecutiva a alcançar ou superar essa marca. O defesa Pavard, na sequência de um canto, fez o 2-0 final de cabeça a dez minutos do final do encontro.