O parlamento do Irão eleito em fevereiro, de maioria conservadora, reuniu-se esta quarta-feira pela primeira vez devido à pandemia, com rígidas regras de distanciamento social, tendo os 269 deputados sido testados e usando na cerimónia máscaras de proteção.

As temperaturas foram medidas a cada um antes de entrarem no edifício do parlamento.

O Irão enfrenta o surto de Covid-19 mais mortal do Médio Oriente, com mais de 7.500 mortes em mais de 139.500 casos confirmados.

As eleições parlamentares iranianas ocorreram em fevereiro, com uma participação de 42,57%, a menor desde a Revolução Islâmica de 1979, o que serviu para mostrar um sinal de insatisfação generalizada e do estado da economia face à intensa pressão depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter retirado os Estados Unidos do acordo sobre energia nuclear iraniana e reimposto sanções no país.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na sessão de abertura dos trabalhos do novo Parlamento, os deputados ouviram uma mensagem do líder supremo, o ‘ayatollah’ Ali Khamenei. O Presidente, Hassan Rouhani, fez uma declaração, pedindo aos deputados que cooperem com o seu governo para que, juntos, os iranianos possam “enfrentar melhor as sanções e a doença” num ano que será “ano muito difícil”.

Espero que no ano que resta a este governo (antes das presidenciais da primavera de 2021) consigamos cooperar e trabalhar juntos”, afirmou Rohani.

Rohani, que está proibido pela Constituição de concorrer a novo mandato em 2021, convocou os deputados, coletiva e individualmente, a colocar o “interesse nacional acima de interesses particulares ou partidários”.

O novo parlamento é dominado por 220 deputados conservadores, incluindo mais de 50 que são aliados próximos do ex-Presidente de linha dura Mahmoud Ahmadinejad, mas conta também com 38 independentes e 18 reformadores e moderados. Na anterior formação havia 136 moderados e defensores de reformas.

Na votação em fevereiro, foram decididos 278 assentos no parlamento, do total de 290 assentos. Mais tarde, dois deputados eleitos morreram, incluindo um por infeção de Covid-19, e oito dos recém-eleitos estavam ausentes da sessão de abertura sem que nenhuma explicação tenha sido avançada.

A 11ª legislatura desde o advento da República Islâmica, em 1979, abriu numa altura em que a atividade económica do país, afetada pela pandemia, volta gradualmente ao normal.

Como sinal de que a luta contra o novo coronavírus ainda está longe de ser conquistada, um assento foi deixado vago entre cada membro presente.

Para muitos observadores, a abstenção recorde da eleição de fevereiro (menos de 43% da participação, de acordo com os resultados oficiais) reflete a desilusão da população face à quantidade de promessas não cumpridas.

A assinatura, em Viena, em 2015, do acordo internacional sobre energia nuclear iraniana aumentou a esperança de um crescimento da economia e de uma abertura do país ao mundo após anos de isolamento. Mas essas esperanças caíram rapidamente antes de serem completamente enterradas pela denúncia do acordo de Viena pelos Estados Unidos em 2018 e pelo restabelecimento das sanções contra o Irão.

Acusando pela enésima vez os Estados Unidos de fazerem “guerra psicológica” e “terrorismo económico”, Rohani afirmou que o Irão se “levantará contra o inimigo”.