As regiões de Lisboa e do Norte são as duas que ainda têm transmissão comunitária, enquanto que o Centro, o Alentejo e o Algarve já só registam pequenos focos, revelou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, na conferência de imprensa desta terça-feira.
Segundo explicou, a região Norte, apesar de ter “uma pequena intensidade de casos”, ainda tem transmissão comunitária, tal como a região de Lisboa e Vale do Tejo, que “ainda tem transmissão comunitária”. “Temos estes padrões localizados em empresas, lares, obras, mas ainda temos disseminação comunitária”, detalhou. Já a região Centro tem apenas “pequenos, muito pequenos, focos localizados”, à semelhança do que está a acontecer no Alentejo e Algarve que “já só tem pequenos focos”. “Até há dias que não têm nenhum”, aponta Graça Freitas.
No que diz respeito à regiões autónomas, a diretora-geral da Saúde explicou que, quer a Madeira, quer os Açores, “têm apenas transmissão esporádica”.
Recolhidas duas mil amostras desde sábado, em Lisboa. Cerca de 4% dos testes deram positivo
Porque “a grande maioria dos casos novos” se concentra na região de Lisboa, a estratégia é a de “identificar, testar e isolar muito rapidamente” — uma estratégia que Graça Freitas apelidou até de “muito agressiva”. “O INEM tem um plano de testagem em curso em várias dezenas de empresas situadas em Lisboa — a maioria na zona da Azambuja —, tendo sido recolhidas amostras em algumas dessas empresas, outras estão a acontecer durante o dia de hoje [terça-feira] e as restantes com agendamento nos próximos dias”, disse o secretário de Estado da Saúde, acrescentando que prevê alagar este rastreio a outras empresas até ao final da semana”. Contas feitas e reveladas, esta segunda-feira já foram recolhidas 945 amostras em empresas para testes à Covid-19, estando o seu processamento “em análise”. Desde sábado, foram recolhidas 2.000 amostras.
Segundo explicou Graça Freitas, apesar de estarem a ser realizados testes, cerca de 4% dos realizados em “locais específicos” de Lisboa deram positivo. “Também é um número que nos tranquiliza”, confessou. A diretora-geral de Saúde detalhou que, em Lisboa, a doença “atinge sobretudo a população jovem-adulta trabalhadora”. “Portanto, não temos tido reflexo nos internamentos nem nos óbitos. A situação não só está a ser muito bem acompanhada do ponto de vista epidemiológico, como do ponto de vista da atuação”, disse, reconhecendo que a estratégia de “monitorizar, conter, testar isolar, tratar, retirar os positivos, evitar novas cadeias de transmissão, quebrar as cadeias de transmissão que estão em curso”, é “muito agressiva”.
É esta estratégia de testagem que pode explicar também o aumento dos casos em Lisboa. Graça Freitas explicou que essa mesmo “não tem sido simétrica e igual em todo o país”. “Aqui na região de Lisboa e Vale do Tejo, também há o fator testagem. Se nós testamos mais pessoas, encontramos mais pessoas positivas“, disse. Lacerda Sales adianta depois que a capacidade de testagem, na região de Lisboa, é de sete mil testes por dia — cerca de 49 mil por semana.
Em contrapartida, o presidente do INEM, Luís Meira, que também participou na conferência de imprensa, revelou que as ocorrências do 112 que estão relacionadas com a Covid-19, na região de Lisboa, não têm tido um aumento. “Antes pelo contrário”, explica.
Um em cada dez lares tem casos de infeção. DGS pede “sentido cívico” no regresso ao futebol
Sobre a situação dos lares, o secretário de Estado da Saúde avança que “há 293 lares com casos ativos da Covid-19 — são menos quatro do que ontem [segunda-feira]”. De acordo com Lacerda Sales, 11,6% do universo dos lares tem casos positivos da doença. O que significa um em cada dez lares tem infeções.
E porque falta um dia para o regresso dos jogos de futebol, questionada sobre como vai ser feito o controlo da distância de segurança dos adeptos, a diretora-geral da Saúde voltou a fazer um apelo para que “mantenham regras de distanciamento físico, regras de proteção de barreira, se for caso disso, usando máscara e não partilhando objetos”. Graça Freitas lembra que “isto não se aplica a coabitantes”. “Muito apelo ao sentido cívico. Foi uma dura conquista existir futebol no nosso país”, disse ainda.
O vírus está a perder força?
Questionado sobre o vírus está a perder força, Graça Freitas explicou que vai continuar a ser “muito cautelosa em relação aos muitos estudos que vão sendo publicados”. “Vamos ter de esperar para ver mais estudos sobre o vírus, sobre as alterações, pequenas mas muitas alterações genéticas que este vírus teve”, disse.
O secretário de Estado da Saúde adiantou ainda que já se conseguiu “reagendar cerca de 35% ao nível das consultas e também de exames”. “Estamos a fazer um esforço grande nesse sentido”, disse, reconhecendo que no passado fim de semana houve “alguma situação mais lenta, nomeadamente na região de Lisboa e Vale do Tejo, por razões que são óbvias”.