O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, sublinhou que os números divulgados esta segunda-feira são “aparentemente mais animadores”, mas isso deve-se a uma “certa subnotificação de casos devido ao fim de semana”.

“Estima-se, portanto, que os números se mantenham na ordem de grandeza dos dias anteriores e espera-se que leve ainda algum tempo até que comece a haver um decréscimo significativo”, afirmou Lacerda Sales, esta segunda-feira, durante a conferência de imprensa, acrescentando que é necessário cautela na apreciação dos números.

O secretário de Estado referiu ainda que os esforços “continuam centrados” na região de Lisboa e Vale do Tejo, com “atenções redobradas” em Loures, Odivelas, Amadora, Sintra e Lisboa.

Tão importante como saber onde estão estes casos novos, é identificar os contactos próximos de forma a quebrar cadeias de transmissão ativas e é isso que estamos agora a fazer”, indicou Lacerda, apelando à “responsabilidade individual de cada um” e ao cumprimento das indicações de isolamento em caso de infeção ou em caso de suspeita.

Desde 1 de março, realizaram-se 936 mil testes de diagnóstico Covid-19, sendo que na última semana a média foi de 13.100 testes por dia. Destes, 45% foram realizados em laboratórios públicos, 39,2% em laboratórios privados e 15,8% em laboratórios que envolve a academia e o Laboratório do Exército.

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“Tem sido um longo caminho desde o primeiro caso de Covid-19 em Portugal. Temos vencido coletivamente os nossos medos e certamente não nos vamos deixar derrotar por excessos de confiança.”

Testes serológicos “devem ser usados com parcimónia”

Uma das perguntas dos jornalistas, durante a conferência de imprensa, foi sobre os testes serológicos, a propósito de uma notícia do Público em que o Infarmed alerta para a sua comercialização. O secretário de Estado considerou que o regulador tomou uma “posição correta”, reforçando que “estes testes devem ser usados com parcimónia e em condições controladas”.

Infarmed alerta para utilização generalizada de testes serológicos

“Devem ser feitos de forma organizada e não aleatória, porque o importante é ver em termos de grupo qual é a imunização”, disse Lacerda Sales, acrescentando que é “necessário ter cuidados”, uma vez que se estes testes forem feitos “de forma individualizada”, podem transmitir “uma falsa sensação de segurança” ao indivíduo — uma ideia já sublinhada pelo Infarmed.

“A importância deste tipo de testes, em termos de saúde pública, é muito alta, mas, de facto, feitos de forma individual, é relativamente baixa.”

Escolas e creches: a situação “tem sido pacífica”

Questionada sobre se houve impacto no aumento de casos de infeção nas camadas jovens, com a reabertura das creches e das escolas, a diretora-geral da Saúde disse que a situação “tem sido pacífica”.

Têm sido reportados “situações individuais”, isto é, um caso, por exemplo, numa turma — seja um aluno ou um educador — e, nessas situações, tem havido uma “intervenção muito rápida das autoridades de saúde com uma indicação muito clara”.

“Em meninos mais crescidos, vai a turma toda para casa, ficam em isolamento — e, além da turma, mais alguns contactos próximos que possam existir — e são feitos testes a todos. Os meninos muito pequeninos não são testados, a não ser que desenvolvam sintomas, mas também ficam em isolamento”, afirmou Graça Freitas, acrescentando que não se têm verificado “cadeias de transmissão”.

A situação neste momento é normal.”

Outra das perguntas dos jornalistas prendeu-se com o comentário feito pelo líder do PSD no Twitter, no qual Rui Rio questionou o Governo sobre os critérios para determinados “ajuntamentos”.

Rui Rio critica Governo: “Funerais, futebol, missas, discotecas, desporto em geral, não! Comícios e manifestações de esquerda, sim!”

O secretário de Estado da Saúde disse que não iria comentar “intervenções de outros agentes políticos”, mas sublinhou que todos os ajuntamentos devem ser feitos “de acordo com regras e diretrizes da DGS e com regras sanitárias devidamente avaliadas”.

“Várias centenas de pessoas” realojadas em habitações alternativas

A propósito de uma questão sobre habitações alternativas para quem não tem condições de estar em isolamento em casa, o secretário de Estado disse que não tinha “com precisão” o número de pessoas que recorreram a esta alternativa.

Ainda assim, sublinhou Lacerda Sales, foram preparadas mais de mil camas em várias estruturas desde o início da pandemia: as Pousadas da Juventude de Lisboa, de Oeiras, de Almada e de Setúbal, o Inatel Foz do Arelho, o Inatel de Almada, a Base Militar da Ota, a Base Naval do Alfeite e Hospital Militar de Belém, sendo que este último “ainda está preparado para estas situações”.

Foram várias centenas de pessoas que tiveram de ser realojadas nestes locais. Nenhuma das estruturas ficou completamente cheia, portanto continuam disponíveis, caso exista determinação por parte das autoridades locais de saúde pública para o realojamento seja de doentes positivos, seja para de doentes negativos, quando os positivos ficam em casa.”

Relativamente à central fruteira no Bombarral, onde foram detetados novos casos de infeção, Lacerda Sales recordou que, do total de 274 testes realizados aos trabalhadores, 20 deram positivos.

Subiu para 20 número de infetados na central fruteira do Bombarral

O secretário de Estado indicou ainda que a autoridade local de saúde fez no domingo um vistoria à central e “foi decidido que se manteria a laborar, obviamente com as condições de segurança que são exigidas”.

Ações de sensibilização “acontecem todos os dias”

Questionado sobre se haverá ações de sensibilização, nomeadamente nas estradas e transportes públicos, numa semana em que há feriados, o secretário de Estado da Saúde afirmou que são feitas “ações de sensibilização todos os dias”.

Ainda assim, Lacerda Sales admitiu que possam existir ações em locais específicos, “fruto da nossa preocupação”.

A propósito de uma pergunta sobre se será feita uma fiscalização mais apertada numa semana de feriados e de Santos Populares, Lacerda Sales afirmou que o objetivo não é “impedir a mobilidade das pessoas”, mas esta terá de ser feita “com sentido de responsabilidade e organização”.