O embaixador de Portugal na África do Sul, Manuel Carvalho, afirmou esta quarta-feira que os portugueses “têm um passado e futuro grande” na economia mais industrializada do continente africano.

“Apelo a todos que mantenhamos a confiança de que vamos vencer este desafio que se manifesta de muitas formas, seguramente que tenham presente que Portugal não esqueceu a comunidade na África do Sul”, disse à Lusa Manuel Carvalho, comentando o impacto da pandemia da covid-19.

O diplomata sublinhou que “havia todo um plano grande para uma celebração grande na África do Sul com a comunidade portuguesa” para assinalar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidade Portuguesas com a presença do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.

“As ditas festas e celebração, que eram uma maneira de valorizar esta comunidade, só não aconteceram porque se tornou impossível”, disse, acrescentando: “não há nenhum virar de costas, não há nenhum esquecer, não há nenhum olhar para outro lado, é apenas que se tornou objetivamente impossível” a realização das comemorações.

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No entanto, segundo os contactos que mantém com o governo sul-africano, o embaixador salienta que Pretória “reconhece os portugueses como parte do mosaico que é este país e, portanto, a comunidade portuguesa é uma realidade na África do Sul”.

“Os portugueses aqui na África do Sul têm um passado e penso que têm um futuro grande”, salientou.

Nesse sentido, o embaixador português sublinhou à Lusa que “as autoridades portuguesas reconhecem a comunidade portuguesa na África do Sul como um valor, temos uma comunidade bem integrada na África Austral e na África do Sul. É um valor que Portugal quer preservar e nesse sentido quando as autoridades viessem cá iriam certamente ouvir as várias questões que a comunidade quisesse exprimir.”

O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades portuguesas, referiu Manuel Carvalho, será assinalado na África do Sul com uma “emissão especial” da televisão pública portuguesa, “em que espero que haja uma presença da comunidade na África do Sul e uma referência à África do Sul e ao que temos aqui”.

O embaixador de Portugal considerou ainda que “a comunidade é de tal maneira grande, com centenas de milhares de pessoas, que é difícil termos uma imagem muito definida”, mas que, “no conjunto”, os portugueses têm “mostrado capacidade para vencer as dificuldades”.

“São centenas de milhares de pessoas aqui enraizadas, espalhadas no país inteiro, com todo o tipo de profissões e atividades económicas de várias gerações, é uma comunidade muito capacitada, muito capaz, muito empreendedora, e se comparada com outras comunidades que nós temos no mundo, predominantemente é uma comunidade empresarial, em vários ramos, pequeno, grande e médio, profissões liberais, pessoas qualificadas, que está cá há muito tempo, não perdeu a sua relação com Portugal e aqueles que a tinham perdido têm estado a procurar reativá-la”, adiantou.

Questionado sobre as relações entre Portugal e a África do Sul, tendo em vista a celebração do Dia de Portugal, no 10 de Junho, Manuel Carvalho avançou que os dois países estavam “num crescendo de contactos em termos de intensidade e de nível desse contacto” antes do início da pandemia da covid-19 no país africano.

“As relações entre os dois países são boas, amistosas, antigas, amplas, variadas, e temos boas relações com a África do Sul, vontade e, acreditamos, a possibilidade de as alargar e aprofundar e foi nesse ponto que parámos quando a conversa teve que ser interrompida logo a seguir à visita do ministro dos negócios estrangeiros em março”, adiantou.

A África do Sul “é um país de enorme oportunidade, de enormes virtualidades, que tem ao mesmo tempo óbvias dificuldades do presente e do passado e que tem que saber encontrar o seu caminho”, disse o diplomata.

“Desejo que a África do Sul encontre justamente esse caminho para ser um país grande e importante na ordem internacional, que tem todas as condições para ser, e estou convencido que irá ser.”, concluiu o embaixador.