Paul McCartney, Rolling Stones, Coldplay e Ed Sheeran estão entre os artistas que pediram ao Governo britânico para apoiar a área dos espetáculos musicais, perante o impacto causado pela paralisação do setor, com a pandemia da Covid-19.
Cerca de 1.500 artistas, entre os quais Dua Lipa, Eric Clapton, Beverley Knight e Little Mix, entregaram uma carta ao ministro britânico da Cultura, Oliver Dowden, na qual enumeram as dificuldades que músicos, técnicos e promotores de espetáculos estão a enfrentar.
Na carta divulgada esta quinta-feira, destacam o prolongamento da “queda” da atividade até 2021, uma vez que todos os festivais e concertos foram cancelados. Milhares de postos de trabalho foram suprimidos, sublinham.
“Sem fim à vista para o distanciamento social e sem um apoio financeiro do Governo, o futuro de concertos e festivais e das centenas de milhares de pessoas que neles trabalham, parece desolador”, escrevem os artistas.
Os subscritores da carta pedem um “calendário claro” sobre o regresso à atividade, apoio financeiro e a eliminação do IVA, sobre a venda de bilhetes.
O Ministério da Cultura, por seu lado, indicou que o Governo tem apoiado organizações musicais e artistas, através de garantias de bancárias e de planos de apoio ao pagamento de vencimentos.
“Reconhecemos que esta pandemia criou enormes desafios para o setor e trabalhamos estreitamente com [os seus agentes] para desenvolver diretrizes gerais para o regresso dos espetáculos, assim que possível”, disse à comunicação social um porta-voz do ministério.
O setor britânico das artes alertou em junho para uma “catástrofe cultural” no país, devido à crise provocada pela pandemia Covid-19, pondo em risco mais de 400 mil postos de trabalho e a sobrevivência de teatros e companhias.
Um estudo realizado pela consultora Oxford Economics, para a Federação das Indústrias Criativas do Reino Unido, estimou que o encerramento de salas de concertos, teatros e outras atividades culturais vão resultar numa queda de receitas de 74 mil milhões de libras (83 mil milhões de euros), até ao final do ano.
O documento calcula que 406 mil pessoas, cerca de 20% do total no setor das indústrias criativas, que inclui teatro, música, cinema, televisão, moda e publicidade, poderão perder o posto de trabalho.
De acordo com duas associações representativas de teatros em todo o país, Society of London Theatre e UK Theatre, 70% das salas antecipam ficar sem dinheiro antes do final do ano.
Numa carta aberta, enviada em junho ao primeiro-ministro britianico, Boris Johnson, ao ministro das Finanças, Rishi Sunak, e ao ministro da Cultura cerca de uma centena de personalidades do setor, incluindo os atores Phoebe Waller-Bridge e James McAvoy, e o dramaturgo e argumentista Tom Stoppard, já tinham dito que pelo menos quatro teatros já apresentaram falência e que o setor está “à beira da ruína”.
“Sem investimento do governo, os teatros vão ser obrigados a fechar e podem nunca mais voltar”, lamentam.
Além da continuação do regime de layoff, que está previsto acabar em outubro, os profissionais sugeriram então a criação de um fundo de emergência para investir em projetos e outras medidas de apoio.
Num artigo de opinião publicado no Financial Times de 5 de junho, o cineasta e encenador Sam Mendes reclamou também um resgate do setor cultural, sustentando que este seria “um investimento, não um ato de caridade”, uma vez que, só os teatros, em 2018, mobilizaram tantas pessoas como a I Liga do futebol inglês.
Teatros, cinemas e salas de concerto estão fechadas desde meados de março, quando o governo britânico decretou um confinamento para travar a pandemia Covid-19, e muitos têm questionado a viabilidade económica se tiverem de reduzir a capacidade devido às regras de distanciamento social.
A terceira fase do plano de desconfinamento anunciada para depois do próximo dia 4 de julho prevê apenas a reabertura de bares e restaurantes.