A Uber anunciou esta quinta-feira que só vai aceitar carros elétricos na plataforma de TVDE (transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados). A medida entra em vigor já a 16 de julho e vai ser implementada nas “maiores cidades do país correspondentes às áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, distritos de Braga e de Faro”, diz a empresa em comunicado.

A empresa afirma que a “decisão tem como objetivo acelerar a eletrificação das viagens feitas através da Uber, dando um contributo importante para a melhoria da qualidade de vida nas cidades portuguesas e para a descarbonização do sector dos transportes”. Além disso, a empresa adianta que “os parceiros vão poder continuar a adicionar veículos não elétricos no caso de substituição de um veículo já registado na plataforma ou para os serviços Uber Black ou UberXL.

Esta medida restritiva no acesso à plataforma a novos motoristas surge numa altura em que a Uber está a ultrapassar dificuldades devido ao impacto da pandemia do novo coronavírus. No início de maio, Dara Khosrowshahi, presidente executivo da empresa, abdicou do salário na mesma altura em que anunciou que três mil funcionários iam ser despedidos. Duas semanas depois, a empresa voltou a fazer cortes e despediu 3.700 pessoas. Este impacto também já é sentido em Portugal, com a Uber a despedir cerca de 120 pessoas na zona de Lisboa em junho.

Uber despede cerca de 120 pessoas do Centro de Excelência em Lisboa

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De forma a cativar os motoristas que queiram integrar a plataforma com carros elétricos, a Uber adianta que, ao registarem-se, estes passam a ter “acesso exclusivo a uma rede de 14 pontos de carregamento em todo o país, como parte da parceria entre a Uber e a startup portuguesa PowerDot”. A opção Uber Green, que permite ao utilizador escolher um veículo elétrico através da app da Uber, foi lançada em Portugal em 2016.

Uber aposta em startup portuguesa para criar rede de carregamentos elétricos para motoristas

A Uber já tinha anunciado uma parceria com esta empresa portuguesa em setembro de 2019. Durante o mês de julho a PowerDot vai expandir a sua rede de pontos [hubs] de energia com dois novos lançamentos em parceria com a Uber: um em Lisboa (Entrecampos) e um no Porto (Bessa), num total de seis hubs de energia em todo o país (que perfazem um total de 14 pontos de carregamento).

Sabemos o que temos pela frente mas esperamos que iniciativas como esta possam ajudar a mobilizar parceiros privados e autoridades públicas e que este esforço, que tem de ser conjunto, possa fazer a diferença. Queremos estar neste novo normal com condições melhores do que quando entrámos e a mobilidade elétrica é um dos pilares dessa estratégia”, diz Manuel Pina, diretor geral da Uber em Portugal.

Manuel Pina diz também querer “continuar a contribuir para o desenvolvimento e adoção da mobilidade elétrica em Portugal”, como aliás tem feito desde que a Uber lançou o primeiro produto 100% elétrico, em 2016. “A eletrificação do sector dos transportes tem ainda obstáculos estruturais pela frente como o desenvolvimento da infraestrutura de carregamento, ou a oferta acessível de veículos elétricos, pelo que esta transição terá sempre de ser gradual”, considera.

A Câmara de Lisboa anunciou no início de junho restrições na entrada no centro da histórico, uma delas obriga a que todos os TVDE (onde se inclui a Uber) sejam automóveis elétricos para poder circular nesta zona. No entanto, por causa da pandemia, esta medida foi adiada. E as restrições limitam-se à Rua Nova da Trindade.

Baixa de Lisboa com acesso limitado a carros a partir de Junho